São Paulo, quinta-feira, 29 de fevereiro de 1996
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Diana aceita se divorciar de Charles

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

A princesa Diana aceitou se divorciar do príncipe Charles, herdeiro do trono do Reino Unido. O anúncio foi feito no início da noite de ontem, em Londres.
Segundo um porta-voz da princesa, Diana continuará a participar de todas as decisões relativas ao futuro de seus dois filhos, William, 13, número dois na linha de sucessão do trono, e Harry, 11.
Ela também manterá o título de princesa de Gales. "A princesa será conhecida como Diana, princesa de Gales", disse o porta-voz.
Diana continuará a morar no Palácio de Kensington e manterá seu escritório no Palácio St. James.
Ainda não se sabe a quantia de dinheiro que Diana receberá com a dissolução do casamento. Especula-se que a soma possa chegar a US$ 24 milhões, o que daria à princesa rendimentos anuais de cerca de US$ 800 mil.
A decisão foi tomada após reunião entre Charles e Diana no Palácio St. James na tarde de ontem. O anúncio, ocorrido por volta das 19h de ontem (16h em Brasília), pegou a todos de surpresa.
Logo após a divulgação, o Palácio de Buckingham disse que não tinha comentários a fazer. Afirmou apenas que a rainha "estava muito interessada" em ouvir que a princesa havia aceitado se divorciar.
O palácio disse que detalhes do acordo, assim como o título de Diana, ainda seriam discutidos.
O príncipe Charles visitou ontem à noite o templo hindu de Neasden, a noroeste da cidade, mas não fez comentários.
O governo britânico, num dia especialmente atribulado devido ao anúncio de medidas para tentar salvar o processo de paz na Irlanda do Norte, reagiu com surpresa.
"Nesse momento, não temos nada a dizer", afirmou um porta-voz do governo. "Só temos informações da imprensa sobre isso. É realmente um assunto para a família real", afirmou.
O premiê John Major viajou ontem para o Sudeste Asiático, onde deve ficar até segunda-feira. É possível que um de seus ministros faça uma declaração no Parlamento britânico sobre o divórcio real.
A polêmica entrevista da princesa Diana ao programa "Panorama", veiculada pela TV BBC em 23 de novembro de 1995, foi o principal fator detonador do divórcio de Charles e Diana.
Na entrevista, ela admitiu ter cometido adultério com o oficial da cavalaria James Hewitt e disse que Charles não tinha uma personalidade adequada para assumir o trono britânico.
Em junho de 1994, o príncipe de Gales já havia confessado, num programa de TV, ter traído Diana com Camilla Parker-Bowles, sua namorada dos tempos de solteiro.
O romance entre Charles e Parker-Bowles veio a público em novembro de 1992, quando uma telefonema entre os dois foi gravado e revelado à imprensa. Na fita, Charles disse que gostaria de ser o tampax de Camilla.
No programa "Panorama", Diana afirmou que não queria se divorciar, mas disse que a situação de seu casamento com Charles precisaria ser esclarecida.
"Vou lutar até o fim", disse a princesa, "porque acredito que tenho um papel a cumprir e duas crianças para criar".
Ela disse também que não se via como rainha do Reino Unido, mas afirmou que queria ser a "rainha do coração" dos britânicos e que gostaria de exercer um papel de embaixatriz do país no exterior.
A entrevista, sobre a qual o Palácio de Buckingham não foi consultado, desagradou à rainha. Pouco antes do último Natal, Elizabeth 2ª enviou cartas a Charles e Diana, nas quais sugeriu que o casal buscasse um divórcio rápido.
Charles respondeu com rapidez. Disse que aceitava a sugestão e, desde então, a família real esperava uma decisão de Diana.
O processo de divórcio, estabelecido por consenso com base nos três anos de separação do casal (anunciada em dezembro de 1992), poderá ser finalizado em questão de semanas.

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