São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Pesquisadores isolam gene de grão para enriquecer o milho

DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram uma tecnologia, por meio da engenharia genética, para elevar o teor de lisina do milho.
A lisina é um dos aminoácidos que formam as proteínas. Normalmente, apresenta-se em baixa quantidade em cereais.
Como 70% das rações animais são compostas por milho, a indústria precisa suplementá-las com aminoácidos importados, principalmente do Japão, o que encarece o custo do produto.
Para desenvolver o processo de enriquecimento do milho, os cientistas do CBMEG (Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética)), da Unicamp, utilizaram genes da lágrima-de-nossa-senhora, gramínea sem importância comercial, mas com características semelhantes às do milho.
Eles isolaram o gene da lágrima-de-nossa-senhora que controla a produção de proteína e o soldaram ao gene do milho que codifica a fabricação de enzimas.
Porém, os pesquisadores modificaram a estrutura desse gene do milho, com o objetivo de inibir a produção das enzimas que normalmente degradam a lisina.
Assim, é possível obter um milho rico em lisina, mais nutritivo.
No futuro, o cereal rico em lisina também poderá melhorar o teor nutricional da alimentação em regiões, como o Nordeste, que tradicionalmente consomem milho.
"Já podemos patentear o processo de obtenção de milho com alto teor de lisina", diz Paulo Arruda, diretor do CBMEG.
Arruda afirma que o país precisa de um sistema eficiente que permita o patenteamento rápido de seus produtos de engenharia genética a nível internacional.
"Estamos muito atrasados em relação à Europa e aos EUA, onde as patentes são obtidas rapidamente", diz.

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