São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Falta pesquisa sobre impacto na natureza

DA REPORTAGEM LOCAL

Não há pesquisas conclusivas sobre o impacto das espécies transgênicas sobre a natureza.
Alguns cientistas, como o professor João Lúcio Azevedo, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), suspeitam que cruzamentos espontâneos entre plantas transgênicas e outras normais possam afetar espécies cultivadas ou silvestres.
"Essa preocupação tem mais sentido no México, onde há um grande cuidado com diversas variedades de milho selvagem nativas do país", diz Wilhelmus Uitdewilligen, gerente de pesquisa da Ciba.
Não se sabe, também, por quanto tempo as plantas se mantêm imunes aos insetos.
"Novas raças de insetos vão adquirir resistência, não morrendo ao atacar a planta", diz Azevedo.
Uitdewilligen concorda com o professor. Contudo, diz que as empresas deverão lançar novas variedades transgênicas que recuperem a resistência.
O produtor tende a ficar mais dependente da empresa, pois, ao comprar a semente, terá que adquirir seu herbicida.
Normalmente, herbicidas como o Roundup ou o Liberty matariam a planta de soja quando aplicados no controle das ervas daninhas.
A soja transgênica, porém, não morre, devido à presença de um gene de bactéria.
Há a vantagem indireta de aqueles herbicidas substituírem, sozinhos, os três produtos utilizados, em média, no controle das ervas.
Já o governo conta com a ajuda da engenharia genética para a redução dos custos de produção na agricultura e a melhoria das condições do meio ambiente.
"Só com agrotóxicos o Brasil gasta mais de US$ 1 bilhão por ano", diz Luiz Antonio Barreto de Castro, secretário-executivo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNB), responsável pela aprovação dos testes em campo das plantas transgênicas.
Para ele, o domínio pelo país da engenharia genética permitirá o desenvolvimento de plantas melhor adaptadas a condições adversas de clima e solo.
O professor Azevedo acrescenta outra vantagem da engenharia genética, a rapidez na obtenção de uma nova variedade.
Enquanto os cruzamentos clássicos necessitam de até dez anos, a engenharia genética conclui uma variedade em até um ano.

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