São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Telebrás decide gastar R$ 80 milhões

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de três anos sem realizar licitações para publicidade, a Telebrás volta a escolher agências para promover campanhas institucionais em pleno ano eleitoral.
O Plano de Comunicação Social (PCS) do Sistema Telebrás, ao qual a Folha teve acesso, prevê gastos de R$ 80 milhões em publicidade em 96. Outros R$ 20 milhões devem ser destinados ao patrocínio de atletas.
Essas despesas de R$ 100 milhões seriam suficientes para instalar mais de 120 mil terminais de telefones. O PCS informa que a Telebrás tem hoje instalados 15,440 milhões de telefones.
Só em São Paulo, há uma carência de mais de 1 milhão de linhas.
A orientação para que todas as estatais -mesmo aquelas que não tinham o hábito de gastar em publicidade- escolham agências e realizem campanhas em 1996 saiu diretamente do Palácio do Planalto no fim de 1995.
O ministro Sérgio Motta (Comunicações), a quem está subordinada a Telebrás, é apontado como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. Outro é o ministro José Serra (Planejamento).
A Telebrás negou ontem qualquer vinculação entre o investimento em publicidade e o ano eleitoral.
A Telesp, subsidiária paulista da Telebrás, ficou com R$ 18 milhões das verbas, volume de recursos semelhante ao autorizado para a Embratel, que cuida de toda a infra-estrutura e operação dos sistemas de satélites para uso nas telecomunicações nacionais e internacionais.
O PCS esclarece que a Telesp tem, hoje, 5,028 milhões de telefones e que R$ 6 milhões do total da verba publicitária serão destinados ao patrocínio de atletas.
Especialistas em telecomunicações observaram, no entanto, que não existe em país algum do mundo uma empresa monopolista com despesas tão grandes em publicidade. Afinal, ela não tem competidoras no mercado.
Só a holding, cujas funções são meramente administrativas e relativas às políticas de telecomunicações -não opera uma única linha telefônica- foi agraciada com R$ 10,8 milhões no PCS.
Duas agências foram escolhidas por licitação pela Telebrás: a D&M, que ficou com R$ 3,8 milhões, e a Duda Mendonça e Associados, com R$ 3,9 milhões.
Pelo PCS, a holding ainda tem R$ 2,1 milhões para gastar. Os contratos com as duas agências foram assinados ontem à tarde e terão validade de um ano.
Desde 1992, a Telebrás não escolhe agências publicitárias para promover campanhas, em parte devido ao arrocho à qual foi submetida pelos últimos governo.

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