São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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LIÇÕES DA ESPANHA

Se é verdade que o poder desgasta, os socialistas espanhóis têm mais motivos para festejar do que para lamentar a derrota eleitoral que sofreram no pleito do último domingo.
Afinal, depois de 13 anos de governo, durante os quais o nível de desemprego tornou-se recorde entre os países da União Européia (superior a 20%), a social-democracia da Espanha obteve uma votação até surpreendente (37,43%), muito pouco abaixo dos ganhadores, os conservadores do Partido Popular, que ficaram com 38,87%.
Some-se ao desemprego o fato de que os anos mais recentes da gestão de Felipe González, o líder social-democrata, foram terrivelmente manchados por uma sucessão de escândalos. Era o cenário, em tese, para uma derrota constrangedora, prevista, de resto, nas pesquisas, mas desmentida pelas urnas.
Parece razoável supor que a gestão socialista foi suficientemente eficaz para, não obstante escândalos e desemprego, obter votação expressiva.
Como é igualmente razoável imaginar que, apesar da eficácia, a prepotência no exercício do poder, ao desprezar sistematicamente os sinais de alarme provocados pelos escândalos, acabou sendo fatal.
São duas lições que valem, ambas, para outros sociais-democratas no poder, como o presidente Fernando Henrique Cardoso.

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