São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Loyola dará o ritmo

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Em Brasília, as semanas começam na terça-feira. E hoje será uma semana daquelas. A agenda política brasiliense tem cinco temas de grande interesse político:
1) Depoimento de Gustavo Loyola, presidente do Banco Central, hoje, no Senado;
2) Reação da bancada baiana ao atraso da compra do Banco Econômico pelo Excel;
3) Votação da emenda constitucional da Previdência;
4) Decisão sobre que fim terá o IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas);
5) Finalização do relatório da emenda da reforma administrativa.
O interrogatório de Loyola é o que vai determinar o ritmo de andamento dos demais. É incerto o futuro de Loyola. É imprevisível a reação dos senadores.
Tudo dependerá das novidades que o presidente do BC produziu no último fim-de-semana.
Loyola terá sucesso se conseguir dirimir uma dúvida, esclarecer uma decisão absurda e dar clareza para as próximas ações do BC. É difícil.
A dúvida é simples. O BC tem de provar que nada foi feito para privilegiar a família Magalhães Pinto depois que as fraudes do Banco Nacional vieram à tona. Há desconfiança nas cabeças dos senadores sobre o tema.
A decisão absurda é prever em um ano o prazo para esclarecimento de todas as 652 contas que receberam empréstimos fantasmas desde 86.
Loyola terá de prometer uma solução mais rápida. É inadmissível que um caso tão importante não mobilize todo o efetivo do banco. E que essa força-tarefa não conclua a apuração, se não em uma semana, pelo menos em um mês.
Finalmente, os senadores esperam que Loyola seja explícito sobre as próximas ações do BC.
Recai sobre os ombros de Loyola a responsabilidade de manter o governo nos trilhos. Sua fala, informações e seu tato darão o ritmo do depoimento no Senado.
É muita responsabilidade. Loyola sente o peso. Sua família reclama. Hoje ele pode dar um sinal do que pretende fazer com seu cargo.

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