São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Monarquia vai sobreviver, diz estudioso

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

Em 50 anos, a monarquia britânica não existirá mais. É o que pensa 43% dos britânicos, de acordo com pesquisa feita entre os dias 7 e 9 de fevereiro e publicada pelo jornal "Independent on Sunday".
Entre as más notícias para a família real, só a rainha se salva: 75% acham que ela cumpre bem seu papel, o mesmo apoio de 1992.
Em entrevista à Folha, o lorde St. John of Fawsley, especialista em assuntos da monarquia e membro da Câmara dos Lordes britânica, falou sobre a ameaça que paira sobre a família real e as consequências de seu desaparecimento.
"A monarquia passa por dificuldades, mas não creio que haja uma real ameaça republicana", diz Fawsley, monarquista convicto e amigo pessoal da rainha.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
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Folha - O desgaste na imagem da família real, em especial de Charles, ameaça a monarquia?
Fawsley - Os problemas matrimoniais do príncipe e da princesa de Gales lançaram uma sombra sobre a monarquia, mas não acho que causaram prejuízo à instituição. A rainha não foi afetada. Seu prestígio até aumentou.
Além disso, as dificuldades aproximaram a família real das pessoas comuns. A taxa de divórcio é tão alta que ocorre uma identificação.
Folha - Na entrevista à TV BBC, em novembro passado, Diana disse que Charles não tinha uma personalidade adequada para exercer a função de rei. Você concorda?
Fawsley - O príncipe está envolvido em um divórcio, como milhões de pessoas. A diferença é que seus problemas matrimoniais são divulgados de maneira exaustiva.
Para escapar à superexposição, ele teria de ser santo ou monge. Ninguém é perfeito na vida particular, e isso não torna as pessoas inadequadas à função pública.
É verdade que a idéia de uma família real unida sumiu provisoriamente, mas pode ser restaurada.
Na minha opinião, Charles é o príncipe de Gales mais preparado que já tivemos. Esteve no serviço militar, é viajado. É uma pena que seus problemas conjugais tenham obscurecido o trabalho com instituições de caridade, as preocupações com o meio ambiente.
Folha - A monarquia seria revigorada se Charles abdicasse ao trono em favor de seu filho, William?
Fawsley - Não. Pelo contrário, seria abalada. É fundamental preservar a linha direta da sucessão, porque isso indica com certeza quem será o próximo monarca e, assim, ele pode se manter distante da arena política. Não se pode escolher o rei de acordo com o humor da ocasião. Isso seria uma república disfarçada de monarquia.

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