São Paulo, domingo, 17 de março de 1996 |
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Monarquia vai sobreviver, diz estudioso
OTÁVIO DIAS
Entre as más notícias para a família real, só a rainha se salva: 75% acham que ela cumpre bem seu papel, o mesmo apoio de 1992. Em entrevista à Folha, o lorde St. John of Fawsley, especialista em assuntos da monarquia e membro da Câmara dos Lordes britânica, falou sobre a ameaça que paira sobre a família real e as consequências de seu desaparecimento. "A monarquia passa por dificuldades, mas não creio que haja uma real ameaça republicana", diz Fawsley, monarquista convicto e amigo pessoal da rainha. Leia a seguir os principais trechos da entrevista. * Folha - O desgaste na imagem da família real, em especial de Charles, ameaça a monarquia? Fawsley - Os problemas matrimoniais do príncipe e da princesa de Gales lançaram uma sombra sobre a monarquia, mas não acho que causaram prejuízo à instituição. A rainha não foi afetada. Seu prestígio até aumentou. Além disso, as dificuldades aproximaram a família real das pessoas comuns. A taxa de divórcio é tão alta que ocorre uma identificação. Folha - Na entrevista à TV BBC, em novembro passado, Diana disse que Charles não tinha uma personalidade adequada para exercer a função de rei. Você concorda? Fawsley - O príncipe está envolvido em um divórcio, como milhões de pessoas. A diferença é que seus problemas matrimoniais são divulgados de maneira exaustiva. Para escapar à superexposição, ele teria de ser santo ou monge. Ninguém é perfeito na vida particular, e isso não torna as pessoas inadequadas à função pública. É verdade que a idéia de uma família real unida sumiu provisoriamente, mas pode ser restaurada. Na minha opinião, Charles é o príncipe de Gales mais preparado que já tivemos. Esteve no serviço militar, é viajado. É uma pena que seus problemas conjugais tenham obscurecido o trabalho com instituições de caridade, as preocupações com o meio ambiente. Folha - A monarquia seria revigorada se Charles abdicasse ao trono em favor de seu filho, William? Fawsley - Não. Pelo contrário, seria abalada. É fundamental preservar a linha direta da sucessão, porque isso indica com certeza quem será o próximo monarca e, assim, ele pode se manter distante da arena política. Não se pode escolher o rei de acordo com o humor da ocasião. Isso seria uma república disfarçada de monarquia. Texto Anterior: Conheça a cronologia da crise de Taiwan Próximo Texto: "Regime garante estabilidade e mudança" Índice |
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