São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ecletismo do saxofonista Gary Brown diverte no Bourbon Street

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se você gosta de soul, funk, blues, reggae e outros estilos de música pop negra, tem boas chances de se divertir com Gary Brown -em cartaz até dia 4, no Bourbon Street Music Club.
O cantor e saxofonista norte-americano é um "showman" competente. Daqueles que praticam diariamente a arte de entreter platéias, nas casas noturnas da efervescente Nova Orleans, nos EUA.
Há mais de 20 anos, Gary toca com frequência no 544 Club, um animado botequim da Bourbon Street, ponto turístico essencial para quem visita o histórico "berço do jazz".
Vem daí o ecletismo de seu repertório, que entre várias surpresas chega mesmo a passar pela salsa e pelo jazz, sem falar nas diversas composições próprias.
Gary não esconde sua maior intenção. A idéia é fazer de tudo para divertir o público: cantar, dançar e tocar diferentes saxofones, inclusive no meio da platéia, até que esta entre no seu ritmo.
Para isso -como mostrou no "set" comandado logo após o show de Joe Henderson, na semana passada-, Gary se vale de um repertório escolhido a dedo, repleto de hits.
Abriu o show com a dançante "All Night Long" (de Lionel Richie), emendada com dois clássicos do soul: "In the Midnight Hour" (sucesso de Wilson Pickett) e "What Does It Take (To Win Your Love)", de Jr. Walker.
A essa altura, a platéia já estava conquistada e Gary desferiu o golpe de misericórdia. Desceu com um sax soprano até a platéia e, no melhor estilo Kenny G, soprou a apelativa balada "My Heaven". Ninguém pode ser perfeito. Felizmente, Gary esquece logo o melaço e parte para o funk rasgado, seja o do Earth, Wind & Fire ("Let's Groove"), ou o seu próprio ("I'll See You There").
Bom humor também não falta. Após se contorcer todo, num emotivo solo de sax, Gary arranca risos da platéia. Canta o blues "Don't Call Me Mr. Cleanhead" (Não Me Chame de Sr. Careca), marca registrada do também saxofonista (e calvo) Eddie Vinson.
Sem deixar as risadas caírem, numa boa tirada auto-irônica, Gary ainda emenda "Just a Gigolo", imitando a voz rouca do debochado David Lee Roth. O bem-humorado careca sabe mesmo como ganhar uma platéia.

Show: Gary Brown & Feelings
Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés, 127, tel. 011/5561-1643, Moema, zona sul)
Quando: sextas e sábados, às 23h30; de terças a quinta, às 21h30; até dia 4 de abril
Couvert: entre R$ 15,00 e R$ 25,00

Texto Anterior: Canadá é modelo alternativo para artistas
Próximo Texto: Vale Verde merece uma fuga da cidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.