São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 1996
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O Brasil grande de FHC

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Houve um tempo em que no Brasil tudo tinha que ser o maior do mundo. A maior hidrelétrica. A maior ponte. Era o "Brasil Grande", dos militares no poder.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem insinuado com frequência o risco de o país voltar ao período de exceção dos militares, já pode concorrer com um recorde brasileiro.
"Sinto-me à vontade para dizer que esse é, de longe, o maior prejuízo anual registrado por um único banco na histórica bancária mundial", disse ontem a esta coluna Robert Strand, economista sênior da American Bankers Association (ABA), dos Estados Unidos.
Strand comentava o prejuízo de R$ 4,2 bilhões registrado pelo Banco do Brasil no ano passado. A ABA é a associação dos bancos norte-americanos.
Com isso, já é possível ao governo FHC requerer a inscrição do país no "Guinness Book, o Livro dos Recordes". O Banco do Brasil é dono do maior prejuízo anual registrado na história bancária do planeta.
Nesse caso do Banco do Brasil, apesar de FHC não ter acobertado o impossível, uma sucessão de erros de abordagem condenam o governo -que apenas fica dizendo, confortavelmente, que a culpa não é sua.
Tome-se como exemplo os anúncios de página inteira que o BB fez publicar ontem nos principais jornais do país. É uma peça dissimulatória da pior espécie. Um desperdício de dinheiro.
"Este é o Banco do Brasil que os brasileiros esperam" era o título do anúncio. Em seguida, texto de 185 palavras não informava o valor do prejuízo.
O governo diz que o BB não vai mais servir a políticos nem dar prejuízo. Usa palavras ocas. A nova empresa será "mais sólida, mais moderna, mais ágil e mais eficiente".
O BB torra R$ 60 milhões por ano em publicidade. Paga para vagabundos torcerem pela time de vôlei do Brasil no exterior. Deveria escolher um redator mais objetivo para seus anúncios.

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