São Paulo, sábado, 23 de março de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Organizações Globo deixam Multicanal
ELVIRA LOBATO
Segundo informação do mercado, o desfecho da crise entre os sócios ocorreu na última sexta-feira, quando a holding Mcom, que controla a Multicanal, comprou as ações (30% do capital) em poder da família Roberto Marinho. Nenhum dos dois grupos se pronunciou sobre o assunto. A informação é de que a Mcom, do empresário Antônio Dias Leite Neto e do fundo de investimentos GP Garantia, pagará cerca de US$ 150 milhões às Organizações Globo. A gota d'água para o rompimento da sociedade na Multicanal foi uma operação para lançamento de US$ 125 milhões em títulos da Mcom no mercado americano. O lançamento, que estava previsto para fevereiro deste ano, seria feito através da corretora Merril Lynch e do banco Lasar Frères. Ainda segundo informação do mercado, a Mcom teria negociado o lançamento dos títulos sem consultar a família Marinho que, descontente, acionou a cláusula do acordo de acionistas da Multicanal que estabelece as condições para retirada dos sócios. Seguindo o acordo, os Marinho ofereceram suas ações na empresa à sócia majoritária Mcom, dona de 70% das ações da Multicanal. Ou a Mcom comprava as ações oferecidas ou seria obrigada a vender o controle da empresa à Globo. Ao dar o cheque-mate, a Globo contava com a possibilidade de que a Mcom lhe vendesse o controle, mas não foi o que se viu. Os acionistas da Mcom avaliaram que o preço que a Globo pediu pela ações era convidativo à compra, embora eles preferissem manter a sociedade com os Marinho. Durante mais de 20 dias, houvenegociações para a permanência da Globo na Multicanal, mas a relação entre os sócios vinha se deteriorando desde 94, quando a Mcom comprou do Banco Rural 49% das ações das ações da TV a cabo de Belo Horizonte. A aquisição surpreendeu os Marinho, porque revelava a estratégia da Mcom de crescer no mercado de TV paga independente do guarda-chuva das Organizações Globo. No final do ano passado, a Globo acabou comprando metade das ações da TV de BH, mas não por negociação direta com o Rural. Primeiro, a Mcom exerceu seu direito de preferência de compra da empresa mineira. Em seguida, vendeu 50% das ações à Net Brasil, mas firmou um acordo de acionistas para administrar a empresa. O silêncio das duas empresas em relação ao desfecho da crise se deve a uma outra importante negociação em curso: o do futuro dos dois sócios na distribuidora de programação Net Brasil. Texto Anterior: Dedução de pensão não tem limite Próximo Texto: Diretores do grupo Gerdau podem sofrer ação criminal Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |