São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Cartilha ajuda pai de criança aidética

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Se meu filho filho tem Aids, eu devo mandá-lo para escola? Devo separá-lo de outras crianças? Devo vaciná-lo?"
Essas e outras perguntas que angustiam familiares e pessoas que cuidam de crianças portadoras do vírus da Aids são respondidas em uma cartilha lançada no fim-de-semana pelo Grupo Pela Vidda (GPV), de Niterói (RJ).
A cartilha se chama "Cuidando da Minha Criança com Aids" e terá inicialmente 200 exemplares distribuídos de graça. O GPV está buscando editores para uma tiragem de 20 mil exemplares.
A cartilha, inédita no país, foi feita em forma de perguntas e respostas por bolsistas do CNPq ligados ao GPV de Niterói. Os bolsistas acompanham os parentes que frequentam com seus filhos, diariamente, o Ambulatório Pediátrico do Centro Previdenciário.
"O objetivo é mostrar aos responsáveis pelas crianças -na maioria já órfãs- que elas podem viver normalmente, e por muitos anos, se tiverem um bom tratamento", diz Marta Reis, vice-presidente do GPV/Niterói e coordenadora do Projeto Criança Vida.
A cartilha explica como a criança se contamina, diz qual a alimentação adequada para o bebê com Aids e informa por que a mãe soropositiva não deve amamentar.
Uma das perguntas resume a angústia de pais ou parentes que sabem que a criança com Aids não tem, pelo menos por enquanto, chances de viver muito.
As mais velhas, no Brasil, chegaram aos 12 anos. "Como posso ajudar meu bebê a ficar bem o maior tempo possível?", pergunta a cartilha. A resposta sugere acompanhamento médico em um ambulatório de referência e muito carinho da família. E conclui: "A Aids, apesar de não ter cura, pode ser tratada e seu filho pode ficar saudável e alegre".
'Padrinhos'
A cartilha faz parte de um projeto de apadrinhamento lançado em dezembro de 94 pelo Grupo Pela Vidda de Niterói.
O objetivo é encontrar pessoas que possam contribuir com R$ 100,00 por mês para uma criança com Aids. A intenção é manter a criança vivendo com pessoas de sua família, sejam tios, avós ou mesmo um dos pais ainda vivos.
O dinheiro é repassado à família por assistentes sociais do GPV.
Trinta e dois padrinhos já estão cadastrados e contribuindo. Outros dez estão se cadastrando.
Em São Paulo, o Projeto Esperança faz um trabalho semelhante há três anos. O padrinho ajuda com meio salário mínimo por mês, de forma que a criança possa ser mantida com familiares.

Grupo Pela Vidda (021) 719-5683 e 719-3793
Projeto Esperança (011) 956-5570

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