São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Domingo de festa teve banquete de futebol

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Foi um domingo de festa, para o verdadeiro "gourmet"do futebol. Um banquete, para ser servido em porcelana com talheres de prata, porcelana inglesa e cristais da Boêmia.
É verdade que Baggio perdeu um pênalti, quem sabe ainda um remoto reflexo da perda da Copa do Mundo para o Brasil de Romário.
Mas isso acabou sendo irrelevante, diante da bola redondinha que rolou de pé em pé, de Savicevic a Baggio, de Donadoni a Lentini, que parece estar recuperado do longo período que passou no estaleiro.
A propósito, de Amsterdã veio a imagem comovedora da volta do nosso campeão do mundo Márcio Santos ao time do Ajax. O zagueirão entrou no final do jogo, quando o Ajax batia o arqui-rival Feyenoord por 2 a 0.
Eu disse zagueirão? Mas quem pode ter certeza sobre as posições ocupadas pelos jogadores desse descontraído e inventivo time holandês?
Por exemplo: pouco antes de Márcio pisar o gramado, deixava o campo o finlandês Litmanen, armador-artilheiro, ostentando a camisa de número 3, que pertence ao líbero Blind, contundido.
E Litmanen, jogando atrás e na frente, foi quem acabou construindo o placar: marcou o primeiro gol, da entrada da área, e deu o segundo, ao executar uma jogada típica de ponta-direita com cruzamento cortado pelo goleiro para o rebote preciso de Kluivert.
A "pice de resistence", porém foi servida na Vila, onde o Santos todo remendado com araldit sonhava abrir o velho alçapão aos pés desse irresistível Palmeiras.
E, bola rolando, essa expectativa pairou no ar: no mínimo, seria um daqueles clássicos inesquecíveis dos tempos da Academia versus Santos de Pelé, revivido na mágica camisa 10 de Giovanni.
Mas qual. Logo aos 5 minutos, Muller serve para Rivaldo faturar de cabeça. Bem que o Santos respondeu, com Giovanni e seu toque de calcanhar para Jamelli.
Mas a resposta foi fulminante e avassaladora: mais dois gols, ambos de cabeça e de Cléber, além de uma série incrível de gols desperdiçados ou defendidos por Gilberto, que poderiam ter elevado o placar a um número inconcebível, ao final do primeiro tempo.
No segundo, um fato novo: pela primeira vez, nesta temporada, o Palmeiras, ao atingir 4 a 0, com Cafu, refluiu. Passou a tocar a bola sem objetividade nem ambição.
Até que Djalminha escapasse para sofrer pênalti, por ele mesmo convertido. E Rivaldo fechasse a goleada: 6 a 0.
Assim, ao cair da noite deste luminoso domingo, restou-me a impressão de que talvez - repito, talvez -, se fizessemos um combinado do que há de melhor entre Ajax e Milan, teríamos um adversário à altura do Palestra.
*
Taí, Corinthians: mesmo com um time misto, manteve a dignidade neste campeonato pintado de verde e branco. Preto e branco é a Libertadores.

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