São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996 |
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Oposição deixa negociações e protesta em nota
DENISE MADUEÑO
Em represália, os governistas ameaçam mudar o mecanismo dos destaques, que permite à oposição obstruir a votação. Os líderes oposicionistas acusam os governistas de estarem criando uma "cena de teatro" ao propor entendimento para encobrir dificuldades para manter sua base. Oposição e governistas trocaram acusações durante todo o dia de ontem, dificultando ainda mais a continuidade da votação da reforma da Previdência. PT, PDT, PC do B e PSB afirmaram que o governo tentou ganhar tempo para supostos ajustes em sua base de sustentação. A conta "O governo adotou a prática do é dando que se recebe, e agora tem gente querendo receber a contrapartida antes de votar os destaques", afirmou o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ). "Querem ganhar tempo para acertar o pagamento do acordo feito para aprovar o projeto do relator Michel Temer (PMDB-SP)", disse o deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ). Os partidos não foram à reunião marcada para ontem. Enquanto os governistas esperavam no gabinete do líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), os líderes da oposição preparavam uma nota conjunta. Nota da oposição Na nota, a oposição afirma que se montou um "falso cenário" de negociação para o governo não ter de explicar as dificuldades que enfrenta com parte de sua base de apoio, em consequência da política de troca de favores por votos. Os governistas reagiram. "Eles não querem o diálogo. Eles não querem o comportamento democrático. Eles não querem negociar, querem manter os privilégios. Não querem as reformas", disse Santos. "Desmoralização" Para os governistas, a oposição é que não quer negociar. Santos afirmou que 7 dos 17 pontos que a oposição apresentou na negociação foram atendidos. "Eles não aceitaram, dizendo que eram itens sem importância. Como pode ser se foram eles que colocaram no texto? Isso significa que eles não fizeram um trabalho sério. Estão desmoralizando o processo. Estão brincando com o país", disse o líder do governo. O líder do PSDB, José Aníbal (SP), comparou a atitude da oposição ao comportamento do presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. Rompimento O sindicalista participou das negociações da reforma, mas rompeu o entendimento no dia previsto para a votação da emenda. "É a repetição de Vicentinho", disse Aníbal. Em represália à atitude da oposição, os governistas decidiram votar no dia 9 de abril (um dia antes da retomada da votação da reforma), um projeto para limitar a atuação das minorias no plenário durante as votações. Entre os pontos que os líderes governistas afirmam já haver acordo estão: o acesso de qualquer pessoa aos benefícios previdenciários desde que tenha contribuído. Há consenso também sobre a inclusão do salário-maternidade e do seguro-desemprego na contagem de tempo para efeito de aposentadoria. Texto Anterior: Governo decide impedir ação da oposição Próximo Texto: Líder de FHC vê risco de crise Índice |
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