São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Prefeitura vai manter o centro ocupado

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal das Administrações Regionais, Arthur Alves Pinto, informou ontem que a Guarda Civil Metropolitana vai continuar ocupando o centro velho de São Paulo. "A gente tem que reorganizar. Você não conseguia andar no centro."
Hoje, segundo o secretário, os funcionários da prefeitura começarão a fazer a demarcação das áreas destinadas aos ambulantes.
Ele afirmou que a prefeitura vai cumprir a lei, exigindo que a distância entre as barracas seja de, no mínimo, 10 metros e a área total para exposição de mercadoria equivalente a, no máximo, 2 m².
"Dois terços das vagas serão reservados aos deficientes físicos", disse Alves Pinto. "O critério para definir quem fica é a antiguidade."
Alves Pinto disse ter recebido uma informação de que o tumulto "foi promovido pela CUT".
Manoel Wilson de Sousa, do Sindicato da Economia Informal, afirmou que o secretário foi precipitado. O sindicato, ligado à CUT, quer uma audiência com o prefeito.
"Faltou competência. O recadastramento deveria preceder a remoção", disse Sousa. "O sindicato é contra apreender mercadoria."
Pop shopping
O diretor-executivo da Associação Viva o Centro, Marco Antônio Ramos de Almeida, sugere a construção de mercados populares (pop shoppings) para resolver o problema dos ambulantes.
Ele disse que essa sugestão é resultado de um workshop promovido pela associação envolvendo mais de 40 entidades.
Para Almeida, o enfoque correto do problema é considerar em primeiro plano os interesses do cidadão, depois os do consumidor e, em último lugar, os do vendedor.
"O espaço público não pode ser privatizado", disse Almeida.
Manoel Wilson de Sousa, do Sindicato da Economia Informal, acha que os mercados populares não são solução. "Isso pode valer para o Japão. Aqui, é uma ironia. São Paulo não tem área para shopping popular", disse Sousa.
Élvio Aliprandi, presidente da Associação Comercial, afirmou que a falta de disciplina dos ambulantes gera concorrência predatória entre os próprios camelôs.
"Antes, eles concorriam com o comércio. Agora, concorrem entre eles", disse Aliprandi.
Dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados indicam que o peso do setor informal na economia da Grande São Paulo cresceu de 31,78% no total de pessoas em 89 para 40,02% em 95. No ano passado, havia 2,1 milhões de trabalhadores autônomos ou sem carteira assinada na região.
(CAu)

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