São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Fim da lista vai aumentar preço, dizem consumidores

Fotógrafo 'aceita' pagar reajuste de até 17,65% em sorvete

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Para a faxineira Isabel Pereira da Silva, 35, sorvete é um luxo raro. Ontem à tarde, sob um calor de 25°C, ela abriu uma exceção e gastou R$ 1,50 para saborear um Sem Parar (da Yopa) no trem, a caminho de Osasco.
Ao ser informada de que a tabela de sugestão de preços poderia sumir do mapa, ou melhor, do refrigerador da padaria, Isabel não teve dúvidas. "Então vai subir de preço", disse ela.
A reação de outros consumidores na Panificadora Caxias, no Centro de São Paulo, foi igual.
O fotógrafo free-lance Marcos Franklin Peres, 21, comprou um Smash por R$ 0,85. Se a tabela for abolida, os preços vão para cima, acredita ele.
Sem a sugestão oficial da Yopa, Marcos concordaria em pagar até R$ 1,00 pelo mesmo sorvete -aceitando, sem saber, um aumento instantâneo de 17,65%, equivalente à inflação média do país nos últimos 12 meses.
Mas será que o alegado aumento após a extinção da tabela não é mera paranóia do consumidor? Afinal, o governo está confiante do contrário. Com a palavra, o dono da padaria Caxias, "seu" José Moreira, 52.
"Vendo mais caro, é claro. Pois todo mundo quer ganhar mais, aumentar a margem de lucro, não é?", disse.
"Seu" José não tem certeza da margem de lucro embutida na tabela da Yopa. Ele calcula seu lucro bruto em 30%, em média. Sem a tabela, ele poderia compensar a quebra nas vendas de picolés, causada, principalmente, pelos furtos cometidos pelos meninos de rua.

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