São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Fraude soma US$ 1 bi por ano nos EUA

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

As companhias telefônicas norte-americanas perdem US$ 1 bilhão por ano em consequência de fraudes na telefonia celular. A informação é de um dos maiores especialistas no assunto dos EUA, Gregor Gadbaw, da Motorola.
Segundo ele, a informação que chega ao governo americano é de que a perda média é de US$ 1,7 milhão por dia. "Na verdade, a perda real é de cerca de US$ 2,7 milhões por dia, porque as telefônicas menores não enviam os dados ao governo", disse ele.
Há quatro anos, a Motorola -maior fabricante de equipamentos de telefonia celular dos EUA, com faturamento de US$ 27 bilhões por ano- começou a investigar as fraudes com telefones celulares na cidade de Los Angeles.
O núcleo inicial de investigadores, chefiado por Gadbwau, acabou se transformando em um departamento, que hoje auxilia companhias telefônicas clientes da Motorola em várias partes do Mundo e tem até treinado agentes da Cia e do FBI.
Descobertas
A primeira importante descoberta dos investigadores foi sobre a tecnologia usada pelos fraudadores. A fraude mais usual é a criação de "clones", ou cópias, de aparelhos celulares regularmente cadastrados pelas telefônicas.
Por meio de um "scanner", os fraudadores captam, no ar, os códigos de registro de um determinado aparelho celular e copiam os códigos em um outro.
A partir daí, começam a fazer ligações que caem na conta do proprietário do telefone legítimo. As companhias telefônicas só descobrem o golpe quando o estrago está feito e arcam com o prejuízo.
Crime organizado
A segunda descoberta importante feita pelos investigadores é de que a fraude está associada ao tráfico de drogas, ao comércio ilegal de armas, espionagem, lavagem de dinheiro e fraudes com cartões de crédito, já que ainda não foi descoberto de localizar os clones.
Com os clones celulares, os fraudadores atingem dois objetivos: não pagam as contas e permanecem no anonimato.
Segundo Gadbaw, é difícil combater as fraudes com telefones celulares nos EUA porque não há nenhuma lei que impeça a publicação de livros que ensinam as técnicas de fraude. "As publicações são vendidas legalmente no comércio, como se fossem livros didáticos", declarou.

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