São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Italianos legalizam a pirataria

PAULO CAVALCANTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nos anos 80, um engenheiro de som da EMI inglesa teve a tarefa de ouvir todas as fitas matrizes das sessões de gravação dos Beatles guardadas nos estúdios de Abbey Road, para catalogar o material.
Enquanto ouvia, deixou um gravador ao lado copiando tudo. Daí surgiu o material para ser lançado em "Artifacts" e "Anthology".
Pode ser imoral, mas não é ilegal. Na Itália a pirataria é oficial. Por meio de furos nas leis de direitos autorais, vários selos têm conseguido licenciar material raro e inédito não só dos Beatles, mas de todos os grandes astros do rock.
Desde que se pague uma porcentagem para a Siae, sociedade arrecadadora italiana, quem quiser pode lançar material gravado em estúdio há mais de 25 anos.
Praticamente não há restrição quanto a registros ao vivo. Se algum megastar como U2 ou Madonna faz um show por lá, é certo que esta apresentação em uma semana já esteja correndo as lojas.
Essa situação "legalizada" popularizou muito o disco pirata. No Brasil, "Artifacts", pode ser encontrado a preço razoável em qualquer loja de shopping center, ao lado de discos de pagode ou dos Mamonas Assassinas.
Por coincidência, foram os Beatles os primeiros a inaugurar essa fase da indústria fonográfica.
Há 5 anos, os selos Swinging Piggie e Yellow Dog lançaram as séries "Ultra Rare Tracks" e "Unsurpassed Masters", que foram antecessores do alto nível encontrado em "Artifacts".
(PC)

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