São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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NÚMEROS DO DESCALABRO

Já deixou de ser novidade o fato de que o ensino público de 1º e 2º graus no Brasil apresenta terríveis deficiências. Denunciar o malogro educacional no país tornou-se quase um lugar-comum. Mas, se for apresentado em suas reais dimensões, esse problema poderá ser melhor enfrentado.
Por isso, 124 mil alunos dos níveis secundário e médio em todo o país foram recentemente avaliados nas áreas de português e de matemática. A finalidade da avaliação consistia em obter os primeiros dados precisos em relação à qualidade do ensino público nacional, tendo em vista definir políticas de formação de professores, de reformulação dos currículos de 1º e 2º graus e desenvolver material didático mais apropriado às necessidade dos alunos.
Os resultados, previsivelmente, foram muito fracos. Em média, os alunos de 2ª e 3ª séries do 2º grau obtiveram nas avaliações de matemática 22,2 e 30,78 pontos respectivamente, de um total de 100. E a média de português para a 3ª série foi de 41,78.
Os dados ganham maior dramaticidade se for levado em conta que tais resultados foram obtidos nas duas séries terminais da formação em nível médio. A partir daí é de se esperar que os alunos estejam suficientemente habilitados para ingressar nos cursos superiores. Os resultados, porém, mostram que boa parte deles não recebeu o devido preparo ao longo de suas vidas escolares.
Considerando que, na passagem da 1ª à 2ª série do 2º grau, há uma evasão de praticamente 50% dos alunos matriculados, pode-se imaginar o nível de formação desses ex-alunos que, em sua maioria, buscam a partir de então o mercado de trabalho.
Os dados conferem nitidez a um problema notório: os últimos governos não vêm fazendo a sua parte na tarefa inadiável de formar as futuras gerações. Mas, a partir dessas informações, torna-se mais mais evidente a necessidade imperiosa de encarar com realismo o desafio educacional.

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