São Paulo, sábado, 30 de março de 1996
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Ex-diretores são acusados de desvio

Interventor investiga fundo de pensão

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O interventor do Aeros -fundo de pensão da Vasp-, Camilo Calazans, encaminhou à polícia de São Paulo no último dia 14 pedido de abertura de inquérito policial contra ex-diretores da instituição.
Fernando Antônio Nuñez, Adélcio Victor e Albuquerque e Plínio Bosquetti são acusados por Calazans de estelionato, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de quadrilha.
Os ex-diretores são suspeitos de desviar pelo menos R$ 15 milhões do Aeros, sob intervenção do Ministério da Previdência desde o segundo semestre do ano passado.
O pedido foi encaminhado para o 96º Distrito Policial de São Paulo.
Nuñez e Albuquerque também eram diretores do Banco GNPP, responsável pela administração dos recursos do Aeros e em liquidação extrajudicial desde 95.
Desfalque
As operações feitas por Nuñez como presidente do Aeros "envolvem desfalque de pelo menos R$ 15 milhões, com aproximadamente 3.000 vítimas", conforme a ação que pede abertura do inquérito.
A aplicação de recursos do Aeros no GNPP foi feita sem o conhecimento dos integrantes do Conselho de Administração do fundo.
O contrato para que o banco administrasse a carteira de títulos e valores mobiliários do Aeros foi assinado em 8 de novembro de 1994, mas não obedeceu aos estatutos do fundo. Dois diretores deixaram de assinar o contrato. Calazans diz que a carteira de títulos e valores mobiliários do Aeros foi "entregue ilegalmente" ao GNPP.
Essa parte do patrimônio do fundo "passou a ser dilapidado com a conivência dos administradores do referido banco", pois foi alienado no mercado "em condições lesivas ao Aeros, a valores abaixo de níveis aceitáveis", relata Calazans.
O interventor descobriu ainda que o Bamerindus não localizou uma aplicação de R$ 963 mil feita em nome do Aeros pelo GNPP.
Mais R$ 1,3 milhão foi transferido da conta do Aeros no Banespa para uma agência do Bamerindus no Rio de Janeiro e depois repassado para o GNPP.
Procurados ontem pela Folha, os ex-diretores do Aeros não foram encontrados.

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