São Paulo, sábado, 30 de março de 1996
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Telescópio fotografa início do Universo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cientistas britânicos dizem ter capturado as cores do Universo durante o "big bang", explosão que o teria originado, há cerca de 15 bilhões de anos.
Segundo pesquisadores do Observatório de Radioastronomia Mallard, a imagem, feita por um radioteslescópio da Universidade de Cambridge (Reino Unido), mostra "detalhes sem precedentes" do início do Universo.
"Temos agora, pela primeira vez, evidências detalhadas do tipo de estrutura que produzirá os aglomerados de galáxias que vemos hoje", disse Paul Scott, diretor-assistente do observatório.
O pesquisador se refere às galáxias no futuro porque a radiação que originou a fotografia viajou cerca de 15 bilhões de anos-luz para chegar à Terra.
Isso quer dizer que a radiação começou sua viagem 15 bilhões de anos atrás, quando o Universo estava começando a formar suas primeiras galáxias. Fotografar uma região tão longínqua do Universo significa, para os astrônomos, fazer uma espécie de "viagem no tempo" de volta ao passado.
O aparelho usado, chamado Telescópio Anisotrópico Cósmico (CAT), é capaz de obter imagens mais sofisticadas que as obtidas pelo satélite Cobe, da Nasa (agência espacial dos EUA).
"Isso é muito importante porque as fotografias anteriores mostravam a grande explosão numa escala muito superior para ser realmente útil", disse o pesquisador.
A foto mostra o que cientistas acreditam ser "sementes" dos aglomerados de galáxias que se formaram após a grande explosão.
A imagem fortalece a idéia de que, quando o Universo se formou, as galáxias começaram a nascer onde matéria e energia se associaram. As diferentes cores se devem a diferenças de temperatura. Quanto mais quente, mais a cor se aproxima do vermelho.
A imagem conseguida pelos pesquisadores fez tanto sucesso, que o governo britânico concordou em financiar dez "antenas" semelhantes às do radioteslescópio, que devem ser colocadas no Monte Teide, na Espanha.
As "antenas", que devem custar US$ 3,8 milhões, serão usadas por pesquisadores para tentar descobrir a idade real do Universo.
A idade do Universo é uma questão que tem intrigado cientistas. Para avaliá-la, alguns pesquisadores se baseiam num número, chamado constante de Hubble.
Segundo o físico Edwin Hubble, o Universo estaria em expansão e, quanto mais "longe" do local de origem, maior sua velocidade.
Diferentes interpretações dessa constante têm levado pesquisadores a chegar a idades diferentes e tentar interpretar resultados aparentemente incoerentes, como o que diz que as estrelas seriam mais velhas que o próprio Universo.

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