São Paulo, sábado, 30 de março de 1996 |
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UE promete dinheiro ao Reino Unido
IGOR GIELOW
Reunidos em Turim (Itália), chefes de Estado de 13 países europeus ouviram um apelo do primeiro-ministro britânico, John Major, sobre a crise. "Temos de encerrar a histeria sobre a carne britânica. O problema não afeta apenas o Reino Unido, afeta toda a Europa", disse. "Não há problema nenhum, e isso os cientistas britânicos afirmam, com a carne do país. Assim, vamos agora organizar a cooperação para evitar o alastramento da crise", disse o anfitrião da reunião, o premiê italiano Lamberto Dini. A reunião lançou a Conferência Intergovernamental, que prevê um ano de reformulação dos estatutos europeus, mas foi completamente dominada pela crise da carne. Dinheiro Apesar dos discursos solidários, Major não conseguiu ouvir a notícia que queria no dia de seu 53º aniversário: o banimento da carne continua, até segunda ordem. Quanto à ajuda financeira, os representantes europeus não fecharam um valor. Especulou-se dar cerca de US$ 175 milhões até o final do ano para ajudar o programa lançado pelo governo britânico para vetar o consumo da carne de 4,5 milhões de cabeças de gado (38% do rebanho nacional), que têm mais de 30 meses de idade e estariam mais sujeitas à doença. No final da tarde, acabada a reunião, comissários para a agricultura de países europeus falavam em Turim em um programa de US$ 4,3 bilhões para destruir esse rebanho, mais vulnerável em até cinco anos, mas não houve acordo. O dinheiro também ajudaria a cobrir os US$ 130 milhões que o Reino Unido prometeu para ressarcir criadores afetados pelo banimento no mercado interno. Reunião O sinal mais claro de que o apelo de Major pode ter repercussão positiva foi a convocação de uma reunião de emergência da Comissão de Agricultura da UE -a mesma que proibiu a carne- para a próxima segunda-feira. "Os técnicos vão estudar todas as possibilidades. Estamos agindo em total solidariedade com o Reino Unido", disse Jacques Santer, presidente da Comissão Européia. A reunião será em Luxemburgo. Ele afirmou que a comissão de veterinários vai analisar soluções para a crise em conjunto com o ministro britânico da Agricultura, Douglas Hogg. Medo O temor que baniu a carne britânica, que totaliza 248 mil toneladas exportadas todo ano, com um ganho de US$ 830 milhões, é a infecção por uma proteína que causa a "doença da vaca louca". O mal atinge o sistema nervoso do animal, o degenera e mata. Ela tem uma similar humana, chamada doença de Creutzfeldt-Jakob. Na semana passada, o governo do Reino Unido admitiu pela primeira vez que pode haver ligação entre as duas, em dez casos notificados, e que a contaminação das vítimas pode ter ocorrido pelo consumo de carne infectada. Uma 11ª vítima da doença morreu em fevereiro, mas não está claro se ela havia comido carne. A doença pode ficar de 4 a mais de 20 anos incubada. Alguns especialistas temem um aumento no número de casos a partir da década que vem, por causa do consumo de carne infectada. A incidência atual da doença é de cerca de um caso em 1 milhão. Texto Anterior: Russos matam dez civis e admitem erro Próximo Texto: Fazendeiros querem abate Índice |
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