São Paulo, sábado, 30 de março de 1996
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EXEMPLO SANTISTA

Estatísticas relativas à Aids devem sempre ser vistas com cautela. Subnotificações e demora na procura de auxílio médico são alguns dos fatores que contribuem para tornar os números pouco confiáveis. Ainda assim, o registro de uma queda de 16,33% no número de novos casos da moléstia na cidade de Santos é alvissareiro.
Embora não se possa falar ainda em uma regressão da epidemia -seria necessário que a diminuição no número de novos casos se repetisse por mais alguns anos-, Santos já não é mais a campeã brasileira da Aids, título que passa agora para Itajaí (SC).
Campeã ou não, o que importa é que as autoridades sanitárias locais estão fazendo algo para controlar a epidemia. No momento, existem 17 projetos diferentes de prevenção à Aids.
Proibida pela promotoria de dar seguimento ao programa de distribuição de seringas para viciados, a prefeitura passou a distribuir hipoclorito de sódio, um agente anti-séptico.
Além disso, em 91, a cidade desenvolveu o PID (Programa de Internação Domiciliar), em que o paciente é tratado em casa, diminuindo os riscos de infecção hospitalar, muitas vezes fatal para um aidético. O sucesso do programa levou o Ministério da Saúde a implantar o PID em 20 cidades brasileiras. Para as crises mais agudas, existe em Santos também o hospital-dia, onde o doente fica internado por no máximo 12 horas, visando também a evitar a infecção.
Em 89, ou seja, há apenas sete anos, foi criado na zona de prostituição do porto um hospital em que se distribuem preservativos e se dá acompanhamento clínico para as prostitutas. A prefeitura está distribuindo, com recursos próprios, a um grupo de soropositivos o Invirase, um novo remédio cuja associação com o AZT ou o ddI vem apresentando resultados bastante promissores.
O exemplo santista mostra que, havendo vontade política de combater a Aids, é possível obter resultados em prazos relativamente curtos.

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