São Paulo, domingo, 31 de março de 1996 |
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Periferia tem 'extermínio' masculino
CLÁUDIA TREVISAN
Em um rápido passeio pelo Jardim Ângela (zona sul), encontram-se várias pessoas que já viram parentes ou amigos morrer de modo violento. O bairro tem a maior taxa de homicídios da capital: 96,87 por 100 mil habitantes. A estudante Sheila Cândido da Silva, 16, perdeu um colega de classe no ano passado. Alex tinha 17 anos e foi assassinado a tiros. "É supercomum ouvir que alguém foi assassinado por aqui", diz Sheila. Segundo ela, a grande maioria das vítimas são homens jovens, com menos de 20 anos. "Só uma vez ouvi que uma mulher tinha sido assassinada", diz. Vixe! Luana Santos Silva estuda na mesma escola que Sheila. Com 14 anos, já perdeu dois amigos: um em acidente de carro e outro baleado na prisão. Suas amigas, as irmãs Vanessa e Edna de Oliveira Santana, de 12 e 14 anos, dizem que "ainda" não perderam ninguém. Outra que viu muitas mortes de amigos em pouco tempo é Maria Ângela Leitão, 13. "Vixe, são tantos que eu nem sei!" Ela lembra de quatro, todos assassinados. Jesuína Rosa dos Santos, 43, perdeu dois irmãos de forma violenta: acidente de carro e homicídio. Tinham 22 e 23 anos. Gandaia As mulheres falam com mais desenvoltura que os homens sobre a violência. Gisele de Lima, 29, lembra que seu irmão foi assassinado quando tinha 17 anos. Seu companheiro, José Carlos, 31, perdeu três amigos, "tudo de tiro". Fala com cautela sobre o assunto e se recusa a ser fotografado. Gisele tenta manter o humor e aponta outras razões para o maior número de mortes masculinas: "Os homens são mais gandaieiros. As mulheres ficam mais em casa, não tem como morrer". Texto Anterior: Maioria reclama da falta de homens Próximo Texto: Homicídio é 1ª causa de morte de jovens Índice |
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