São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Abate clandestino funciona a 30 km do Palácio do Planalto

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A 30 km do Palácio do Planalto, do Ministério da Fazenda e do Palácio do Buriti (sede do governo do Distrito Federal), funcionam pontos de abate clandestino de carne bovina e suína em chácaras onde não há nenhum cuidado com higiene e a manipulação do animal é primitiva.
Os responsáveis por esses abates têm liberdade de ação, apesar da fiscalização do governo do DF. As blitze resultam apenas na apreensão da carne (que representa muitas vezes o lucro da semana). Não há prisão ou cobrança de multa.
A Folha acompanhou no dia 22 de março o flagrante de um abate bovino num cômodo de 40 m2 na entrada de um pequeno curral. No local, o sangue do animal mistura-se à lama. A água usada para lavar o animal sai de uma mina e junta-se a esgoto que escoa a céu aberto até chegar ao local do abate.
A retirada do couro foi feita com o animal no chão. No corte foi usado um machado. Toda a operação durou 15 m. Em um dos cantos do cômodo escuro estavam subprodutos dos outros animais abatidos minutos antes.
"Às vezes, mato 20 por semana. O que eu ganho com isso? Eu vendo ou a minha família come o bucho, coração e pulmão do boi e ganho aí uns R$ 15", disse o dono da chácara e responsável pelo abate, Manoel Tibúrcio da Silva, 54.
Foi a terceira autuação de Silva pelos fiscais do governo do DF em um mês. O prejuízo fica por conta do fazendeiro que encomenda o abate, cujo nome é mantido em sigilo por Silva.

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