São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Embalagem terá informação sobre carne

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo está estudando uma forma de desestimular o consumidor a comprar carne que não tenha inspeção sanitária.
A intenção é tornar obrigatórias informações sobre a origem do produto nas embalagens das peças de carne que saírem dos frigoríficos regulares.
A proposta pode comprometer a sobrevivência de açougues que vendem produtos clandestinos.
O ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, disse que vai baixar dentro de 60 dias uma portaria para fixar essa norma e definir uma política para o setor.
A portaria exigirá que as peças de carne sejam desossadas e embaladas no frigorífico, para afastar riscos de contaminação na manipulação dentro dos açougues.
Andrade Vieira pretendia baixar a medida no ano passado. As resistências de alguns segmentos estão prolongando as negociações.
"Há dificuldades para mudança de hábitos", afirma o ministro. A Folha apurou que a principal reação está partindo dos açougues.
O presidente do Sindicato de Carnes de São Paulo e representante da União Nacional do Comércio Varejista de Carnes, Manuel Henrique Ramos, disse que há resistência de pequena parte do setor.
Ramos afirmou que a transferência da desossa para os frigoríficos garantirá melhor higiene. A eficiência do açougueiro dependerá do atendimento ao cliente e da manipulação da carne no balcão.
A exigência será aplicada inicialmente em grandes cidades, como São Paulo e Belo Horizonte.
Sexo e idade
A venda da carne é feita hoje sem informações ao consumidor. Pela proposta, a embalagem trará origem, frigorífico responsável pelo abate, idade e sexo do animal.
Andrade Vieira disse não haver riscos de aumento do preço. Segundo ele, o frete ficará mais barato, porque a carne será transportada aos açougues desossada.
A estimativa do Conselho Nacional de Pecuária de Corte é de que 14 milhões de animais escapem este ano da inspeção, do total de 28 milhões de abates previstos.
A taxa de abate clandestino é identificada com base em dois levantamentos: a produção anual de couro e o número de animais inspecionados. O abate sem inspeção é a diferença entre os dois.

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