São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Gado de SP também transmite doença grave

DA FOLHA NORTE; DA REPORTAGEM LOCAL

A mais grave doença transmitida por carne bovina, a cisticercose, é também a mais comum no rebanho abatido em São Paulo.
No ano passado, o Serviço de Inspeção Federal no Estado encontrou cisticercose em 110.105 animais -4,8% dos apreendidos com algum tipo de doença.
A incidência da doença no gado é dez vezes maior que o segundo tipo de problema detectado -os abscessos, que atingiram 10.109 animais no ano passado.
Bovinos ou suínos contraem o cisticerco ao entrar em contato com fezes humanas. O homem adquire cisticercose ao comer carne de porco ou de vaca mal cozida.
A doença pode provocar cegueira, surdez ou distúrbios neurológicos ao atacar o cérebro. Pode ainda atacar a musculatura do coração, o fígado e os pulmões.
Não há estatísticas globais sobre cisticercose no Brasil. Só levantamentos localizados. Uma das cidades com o maior índice da doença é Fernandópolis (550 km a noroeste de São Paulo).
Entre os cerca de 140 pacientes que fazem exame de tomografia computadorizada na Santa Casa da cidade por mês, 36% apresentam sinais de neurocisticercose ativa ou calcificada (quando já não risco de provocar distúrbios).
O médico radiologista José Carlos Zocca Neto, 43, responsável pelo serviço, considera o número "alarmante".
"Pelo menos 6% dessas pessoas têm a doença ativa e podem ter sequelas neurológicas", afirma.
Segundo Zocca Neto, 90% dos pacientes são da zona rural e adquiriram a doença com o consumo de carne bovina ou suína.
Cerca de 2% dos animais vistoriados pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal) em Fernandópolis -15 mil por mês- têm cisticercos, segundo o veterinário Paulo Roberto Segundo, 44.
Cerca de 1.000 animais são abatidos na clandestinidade por mês, o que, segundo Zocca Neto, representa 90% do consumo da cidade.

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