São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Inflação reduzida atrai a Benetton, afirma Luciano

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação, "quase de país europeu", abre novas perspectivas de negócios para a Benetton no Brasil.
Com a estabilidade, está se tornando mais importante a administração do lado industrial das empresas do que da área financeira, disse à Folha o presidente da Benetton, Luciano Benetton, 59.
Ele passou dois dias em São Paulo na semana passada para checar os negócios da Benetton no país depois que sua família recomprou 50% da empresa brasileira.
Até o final de 1995, o sócio da Benetton no Brasil era uma empresa liderada por Luiz César Fernandes, do Banco Pactual. Para Benetton, um sócio com experiência financeira se tornou dispensável em tempos de inflação mais baixa.
Os negócios da família Benetton no Brasil ainda são relativamente modestos: em 95 foram vendidos no mercado brasileiro cerca de 2% do faturamento mundial do grupo.
As possibilidades de expansão seriam, porém, enormes. Ele nota que, em número de habitantes, o "Brasil equivale a meia Europa".
No ano passado, o grupo obteve aumento de 5,4% no faturamento mundial. O lucro líquido consolidado aumentou 5%, segundo o balanço divulgado na quinta-feira.
No Brasil, Benetton aposta especialmente na expansão das vendas de roupas infantis e artigos esportivos, acompanhando a tendência mundial de crescimento acentuado desses dois tipos de produtos.
As vendas de roupas para crianças da Benetton, por exemplo, cresceram mais de 15% em 95, uma taxa bem superior ao crescimento total da empresa.
Já o faturamento da Benetton na área de esportes (cerca de US$ 1 bilhão) representou quase metade do total obtido pelo grupo em 95.
Benetton também informou que o grupo vai desacelerar a política de diversificação de atividades adotada nos últimos anos.
Hoje, o grupo participa de setores muito variados, como uma cadeia de supermercados na Itália e fazendas na Argentina, Estados Unidos e Itália.
"É preciso amortizar os investimentos feitos", disse. Ele acha que a direção do grupo está aprendendo muito em termos de administração com essa diversificação.
Fórmula 1
A diversificação inclui o automobilismo. Benetton tem expectativa cautelosa em relação às possibilidades da equipe que leva o seu nome e que compete hoje em Interlagos. Mas diz que, com os ótimos resultados obtidos nos últimos dois anos, ela deve voltar a brilhar.
Depois de ter perdido o bicampeão Michael Schumacher para a Ferrari na atual temporada, a equipe também trocou a bandeira inglesa pela italiana.
Benetton diz que a mudança foi adotada em parte para agradar os italianos, que reclamavam. Afirma, porém, que isso só foi possível porque houve uma alteração nas regras da Fórmula 1.
O investimento em Fórmula 1 tem ajudado muito a Benetton a vincular sua imagem à alta tecnologia, afirma ele. Essa associação, de certa forma, atenua a imagem polêmica da empresa criada por uma série de anúncios que provocam sempre controvérsia.
O mais recente desses anúncios está começando a ser veiculado no Brasil a partir de terça-feira. É uma fotografia de três corações, supostamente de um branco, um negro e um amarelo, que vai aparecer em outdoors.

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