São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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O alerta do Norte

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

A vitória de Pattrick Buchanan na eleição primária de New Hampshire e o interesse que sua candidatura despertou merecem atenção por apontar para alguns problemas importantes.
Buchanan vem da tradição do populismo americanos, que não é o mesmo que o latino-americano. Lá ele não se propõe a redistribuir renda, embora adote a linguagem e os preconceitos das massas. Aqui, é cooptador de segmentos pobres, por meio do clientelismo e do culto ao líder.
Buchanan se inspira em William Bryan, um candidato à Presidência em 1896. Bryan identificou que havia insatisfação nos EUA com as transformações socioeconômicas no final do século 19.
Entre 1860 e 1900, aquela nação teve industrialização e mudança tecnológica rápidas. De uma economia rural passou para uma economia industrial, com a maioria da população indo para as cidades.
Hoje o populismo de Buchanan também se baseia na insegurança de parte da população americana, pois o ritmo de mudança tecnológica é intenso. A difusão da informática, da miniaturização, da telecomunicação globalizada vêm revolucionando os processos produtivos, mas causando desemprego. Estão emergindo os desafios sociais a serem enfrentados no século 21.
As respostas de Clinton, se for reeleito, irão moldar os custos da globalização e da mudança tecnológica no mundo, pois os EUA estão se deparando com esses problemas antes que os demais países.
São os temas que Buchanan levantou que tornam a eleição americana deste ano importante. Se suas soluções são tolas, não se pode ignorar os problemas que ele apontou.

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