São Paulo, domingo, 31 de março de 1996 |
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Empresas rivais esticam duelo às pistas CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO; MAURO TAGLIAFERRI
Brahma versus Antarctica. Os mesmos personagens de uma das mais acirradas disputas do mundo dos negócios participam de outra corrida, em busca de prestígio e audiência, entre a Indy e a F-1. A Antarctica mantém a aposta na F-1. Seu principal investimento foi a compra este ano de uma das cotas de patrocínio para a transmissão das corridas pela Rede Globo. A Globo não informa oficialmente o valor de cada uma das cinco cotas, mas o mercado publicitário calcula que foram vendidas por cerca de US$ 7,6 milhões. No total, a Antarctica está gastando aproximadamente US$ 9 milhões para associar seus produtos com a imagem da F-1. A empresa não detalha quanto aplica no automobilismo, mas a conta na Indy gira entre US$ 8 milhões e US$ 10 milhões, tirados dos US$ 30 milhões destinados neste ano para marketing e promoção. Rivalidade O exemplo da disputa Brahma x Antarctica não é único. São vários os casos de grupos empresariais que acabaram por patrocinar uma modalidade de corrida de automóvel enquanto seu principal adversário nos negócios dá suporte exatamente a outra modalidade. A lista dos patrocinadores da F-1 mostra uma grande diversidade na origem das empresas. Companhias japonesas, italianas, alemãs e americanas entram com dinheiro para viabilizar o circo da categoria. Já a relação da Indy tem predominância de empresas americanas. O que é explicável. Até recentemente, o interesse pela Indy era restrito ao público americano. A Indy começou a se 'internacionalizar" há bem pouco tempo. A disputa mais forte acaba sendo, porém, entre as duas principais redes de TV brasileiras. Em termos de audiência, os carros da F-1, da Globo andam à frente dos da Indy, do SBT, mas por margem estreita. Em 1993, a média de audiência na Globo nas provas de F-1 foi de 30 pontos. A média da Indy, então na TV Manchete, foi muito mais modesta, de apenas 5 pontos. Nas provas já realizadas neste ano, essa diferença já havia se reduzido de forma expressiva. As duas corridas da Indy tiveram audiência média de 12 pontos, segundo o Ibope. O GP da Austrália de F-1 atingiu 14 pontos apenas. Audiência Há quem aposte, no mercado publicitário, que essa liderança vai acabar neste ano. A audiência da corrida de hoje em Interlagos será um bom indicador de tendência. O GP do Brasil é sempre a prova de F-1 com maior audiência no país. Os níveis vêm caindo bastante. Em 94, a audiência foi de 45 pontos. No ano passado, não chegou a 30 pontos. Desde a morte de Ayrton Senna, há quase dois anos, menos espectadores se interessam em assistir pela TV a corridas de F-1, que tem hoje brasileiros com poucas chances de vitória. Para os patrocinadores, é essencial a possibilidade de vitória. Uma pesquisa feita pela Kibon, que patrocina o piloto de Indy André Ribeiro, mostrou que, no caso de vitória, a marca do patrocinador aparece na TV pelo menos 20 vezes mais do que normalmente. O aumento na audiência da Indy ajudou o SBT a vender com relativa facilidade suas cotas de patrocínio. Cada cota custou cerca de US$ 6 milhões, informa a emissora. Outra razão para o aumento no interesse em patrocinar a Indy é que os custos são mais baixos. Colaborou Mauro Tagliaferri, da Reportagem Local Texto Anterior: Líder dribla o regulamento Próximo Texto: Cigarro banca 2 categorias Índice |
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