São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996 |
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Policiais são acusados de sequestro no Rio
CLÁUDIA MATTOS
Na noite de sábado, o tenente Sandro da Silva Martinelli e o cabo Vano dos Santos, do 16º Batalhão da PM (Olaria, zona norte do Rio), prenderam Genilton Fernandes, no Complexo do Alemão (grupo de favelas na zona norte). Segundo o chefe da Polícia Civil, Hélio Luz, os dois PMs levaram Fernandes, contra quem não há nenhuma acusação, para a DAS, a fim de negociar sua libertação mediante pagamento de resgate. Na DAS, os detetives Carlos Alberto de Araújo Veiga e Jorge Luiz de Oliveira Valente teriam assumido a negociação. Veiga fez o pedido de resgate ao representante de Fernandes, cujo nome a polícia não quis revelar. Ele começou pedindo R$ 30 mil para soltar Fernandes e não enquadrá-lo por tráfico e por sequestro. Acabou aceitando R$ 10 mil mais três fuzis AR-15. A troca foi marcada para a porta da casa de shows Scala (zona sul), em frente à DAS. Enquanto um grupo aguardava o representante de Fernandes, outro o mantinha sob vigia em um bar a poucos metros dali. A tentativa de extorsão fracassou porque o representante de Fernandes gravou a conversa com Veiga, negociando o valor do resgate, e entregou a fita ao departamento de jornalismo da Rede Globo, que comunicou o fato a Hélio Luz. Pelo telefone, o chefe da Polícia Civil ligou para a DAS e ordenou que se montasse uma operação para prender os policiais. Eles foram presos e ficaram detidos na DAS até a tarde de ontem. Os dois detetives foram levados para o presídio Ponto Zero, e os dois PMs, para a carceragem do 16º BPM. Fernandes foi levado para casa sob escolta da polícia. Luz classificou o episódio de sequestro. "Infelizmente, dois policiais civis e dois PMs são sequestradores", disse. Segundo Luz, em depoimento, os policiais não negaram ter negociado a libertação de Fernandes, mas afirmaram que o fizeram para tentar prender Marcinho VP, que seria o líder do tráfico no Alemão. Tortura Tanto Veiga quanto Valente participaram do resgate do estudante mineiro Rodrigo Lanna Neto, libertado no final de janeiro, no Rio, após ser trocado pela mulher do seu sequestrador, Suzana Lima, 24. Na época, Suzana acusou os policiais de a terem torturado física e psicologicamente da troca. Texto Anterior: PM vai transferir preso que não se rebelou Próximo Texto: Carrinho de mão leva vítima de hemodiálise Índice |
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