São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Anunciado plano de paz tchetcheno

Ieltsin admite negociar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, anunciou ontem um plano de paz para a Tchetchênia que prevê o fim da ofensiva militar e a retirada gradual das tropas da república separatista.
O fim das operações militares foi marcado para 0h de hoje (17h de ontem em Brasília).
"A partir da meia-noite de 31 de março deste ano, as operações militares em território tchetcheno cessarão. Uma retirada gradual das forças federais de áreas pacíficas da Tchetchênia começará", disse Boris Ieltsin.
Enquanto Ieltsin anunciava o plano no Kremlin, aviões e a artilharia russa bombardeavam o vilarejo de Goiskoie (20 km ao sul de Grozni, capital tchetchena).
No pronunciamento, o presidente também acenou com a possibilidade de realizar negociações indiretas com o líder da guerrilha tchetchena, Djokhar Dudaiev.
Qualquer contato com Dudaiev havia sido colocado fora de cogitação anteriormente. O governo russo emitiu um mandado de prisão contra ele.
Eleições
O presidente russo afirmou que serão organizadas eleições parlamentares "livres e democráticas, nas quais devem estar representados os interesses de toda a população da Tchetchênia".
Depois, serão realizadas negociações sobre o status da região.
Ele afirmou, porém, que Moscou não vai aceitar a independência total da região, mas acrescentou que o governo russo está disposto a discutir a expansão da autonomia da região do norte do Cáucaso.
Boris Ieltsin ressaltou que as forças russas responderão a qualquer ataque rebelde. "É claro que não toleraremos ações terroristas. As respostas a elas serão adequadas. A segurança dos cidadãos russos deve ser estritamente mantida."
Uma comissão chefiada pelo primeiro-ministro Viktor Tchernomirdin e integrada por membros do Parlamento vai monitorar a situação na Tchetchênia.
Reação
Um comandante militar tchetcheno reagiu negativamente ao anúncio do plano: "Não esperamos que a guerra acabe. Esperamos o pior", disse à agência "Reuter" Doka Makhaiev.
O comandante militar russo na Tchetchênia, general Viatcheslav Tikhomirov, afirmou que a interrupção das as operações militares de uma vez só será impossível.
"Por algum motivo, todos estão pensando que o dia 31 de março será uma linha divisória quando tudo vai parar e a paz e o acordo virão. Espero que você entenda que é impossível", disse em entrevista à rede de TV independente NTV.
A pacificação da Tchetchênia é considerada vital para que Ieltsin possa pensar em reeleger-se presidente em 16 de junho.
A república separatista foi invadida por tropas russas em dezembro de 1994. Desde então, mais de 30 mil pessoas, a maioria civis, morreram no conflito.

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