São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Mesquitas levam ao "paraíso"

ARTHUR NESTROVSKI
DO ENVIADO ESPECIAL

Sete anos era o prazo máximo de construção das mesquitas, concedido ao arquiteto sob pena de perder a cabeça. A Haghia Sofia, com uma cúpula de mais de 30 m de diâmetro, foi construída em apenas cinco, de 532 a 537.
Transformada em museu por Ataturk, a Haghia Sofia combina elementos bizantinos com adendos otomanos, como os minaretes.
O plano geral da basílica segue o modelo que, para nós, é mais conhecido em sua forma importada, italiana. Mas os mosaicos bizantinos são sucedidos aqui por gigantescos medalhões, com os nomes sagrados do Islã.
Não há como descrever a dimensão de um espaço como esse. É uma vastidão que nos anula e suspende, um infinito tangível, em pleno centro dessa cidade de pequenas ruas e acúmulo de prédios.
Mais impressionante ainda é a Mesquita Azul, do século 17. Uma verdadeira cascata de domos recobre o salão central, de 50 m x 50 m.
Dezesseis pilares sustentam a estrutura, iluminada por 260 janelas. Azulejos florais fazem da mesquita, com toda sua monumentalidade, um jardim sem peso. Contrastando com a turbulência cinzenta dos bairros, a mesquita já é meio caminho do céu.
A suntuosidade dessas mesquitas, paradoxalmente, não é de opulência ofensiva. Cores e flores, luz do Sol, um espaço sem fim, silêncio e reverberação: é uma visão do paraíso, a cidade celeste que a alma dos justos adivinhou em mármore, ouro e azul.
(AN)

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