São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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PFL quer liberar candidatos nas votações

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), defende a licença dos deputados candidatos nas próximas eleições para que seus suplentes votem as reformas administrativa e da Previdência.
A medida tem dois objetivos: evitar o desgaste político dos candidatos em véspera de eleição e garantir presença dos parlamentares nas votações do segundo semestre.
Segundo estimativa de Inocêncio, 120 deputados são candidatos nas próximas eleições.
Uma das justificativas apresentadas pelos governistas para a derrota na primeira votação da reforma da Previdência foi justamente a campanha eleitoral.
Os deputados candidatos receberam pressões em suas bases eleitorais para votar contra o projeto.
O governo não conseguiu os 308 votos necessários, do total de 513 deputados, para aprovar o projeto do então relator, Euler Ribeiro (PMDB-AM), no dia 6 de março.
"Comodidade"
"Seria cômodo, confortável para o candidato. Não há dúvida", disse o líder do PMDB, Michel Temer (SP), que concorda com a proposta de Inocêncio.
O líder do PFL afirmou que o deputado não será obrigado a pedir licença, mas, em caso contrário, terá de comparecer de terça-feira a quinta-feira à Câmara para participar das votações da reforma.
"A sociedade está vigilante. Não dá para o Congresso parar de trabalhar durante os meses de campanha política", disse Inocêncio. "Não tem sentido fazer recesso branco por causa das eleições municipais", concordou Temer.
Pela fórmula de Inocêncio, o deputado pediria licença de 121 dias, prazo mínimo exigido para que a Secretaria da Mesa convoque o suplente.
A proposta do líder esbarra na regra constitucional (artigo 56). O deputado poderá pedir no máximo 120 dias de licença, "sem remuneração, de interesse particular", por ano. Mais do que isso, perde o mandato. Para executar a idéia de Inocêncio, é necessário mudar a Constituição.
"O governo tem medo de os deputados candidatos serem pressionados pelos seus eleitores a votarem contra as reformas", disse a líder do PT na Câmara, Sandra Starling (MG).

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