São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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Erundina não quer Marta para sua vice

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiza Erundina, candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, praticamente descartou a possibilidade de a deputada federal Marta Suplicy ser a sua companheira de chapa.
Marta quer ser a vice de Erundina. "Não sei como a opinião pública reagiria a uma chapa com duas mulheres", disse Erundina, ressaltando que a dúvida é causada pelo "'traço cultural machista" que identifica na população.
Na semana passada, Erundina convidou o senador Eduardo Suplicy, marido de Marta, para seu vice. Suplicy recusou, com o apoio da deputada. "Ele está resistindo porque quer aprovar seu projeto de renda mínima, mas acho que essa tarefa não é incompatível com a campanha", afirmou Erundina.
Apesar de não ter desistido de convencer Suplicy a aceitar o convite, a candidata petista citou outros eventuais vices: Oded Grajew, Aziz Ab'Saber e Rui Falcão.
Para a ex-prefeita, seu vice deve ser escolhido pensando já num eventual segundo turno da eleição. Ou seja, deve ser alguém com penetração em setores hostis ao seu nome. "Sou forte na área popular e na classe média", acha.
Preocupação
A indefinição do vice preocupa Erundina. Em seu entender, o segundo nome da chapa é mais importante no PT do que em outras legendas. O temor é que os grupos do partido iniciem uma guerra interna que prejudique a campanha.
"No PT, o vice é fundamental. O ideal é um acordo que evite disputa e sequelas", afirmou Erundina.
Os primeiros sintomas da turbulência já aparecem. O presidente do diretório municipal do PT, Jilmar Tatto, é criticado por alas que enxergam em sua atuação a tentativa de fazer de seu irmão Arselino Tatto o vice de Erundina.
Jilmar nega qualquer articulação para favorecer Arselino, vereador petista, mas não descarta o nome do irmão para completar a chapa.
Erundina visitou ontem o cardeal d. Paulo Evaristo Arns. Após o encontro, relatou que o religioso mostrou-se preocupado com o desemprego e a volência. "Meu nome tem a hegemonia nessa preferência", respondeu quando indagada se teria o apoio de d.Paulo.

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