São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996 |
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Proposta irrita o PFL e enfraquece base governista
VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
FHC decidiu não falar abertamente sobre o tema. O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, negocia apenas com Paulo Maluf. O PFL se sente preterido. Por causa dessa atitude dos tucanos, os pefelistas decidiram mandar recados explícitos de seu descontentamento para o Palácio do Planalto. O primeiro deles foi dado: a aprovação das reformas da Previdência e administrativa pode ficar para 97. O PFL pode fazer mudanças nas duas emendas no Senado. Uma das razões da irritação do PFL é a mudança de tática do PSDB sobre como e quando aprovar a emenda da reeleição. Os tucanos tentam começar a tramitação já, pelo Senado. Gafe tucana O deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), presidente da Câmara, não foi avisado. Continua esperando que FHC lhe peça para instalar a comissão especial que analisaria o tema na Câmara. Essa mudança de estratégia, sem comunicação oficial ao principal aliado, foi considerada uma das maiores gafes dos tucanos. Para complicar ainda mais o cenário, a cúpula pefelista, em conversas reservadas, queixa-se de que o partido recebe críticas duras de Sérgio Motta nas suas incursões pela reeleição. Motta está obcecado pela consolidação do PSDB como grande partido nacional. E tem ciúmes dos avanços do PFL nas articulações para aprovar assuntos de interesse do governo no Congresso. Se não houver um recuo por parte dos tucanos, o PFL continuará a mandar recados para FHC. A área econômica pode ser o alvo da próxima estocada do PFL. O partido pretende cobrar mais rapidez no programa de privatizações. Na visão de pefelistas, FHC deliberadamente atrasa as privatizações para o final do governo. O presidente, pensa o PFL, quer aproveitar melhor a receita da venda de estatais no fim de seu mandato. "Jumbo atolado" Entre pefelistas, o programa de privatização é descrito como um "jumbo atolado". Dentro do Palácio do Planalto, a insatisfação do PFL já foi sentida. O presidente já ouviu de assessores que o clima no Congresso está um pouco "azedo". Para contornar o descontentamento, FHC continuará a sustentar a versão de que nunca se envolve com as articulações da reeleição. Que tudo é iniciativa individual dos que defendem a tese publicamente, como Sérgio Motta. Só que os últimos caciques do PFL que estiveram no Planalto enxergam apenas em FHC o principal articulador da reeleição. Texto Anterior: FHC e Motta contrariam tucanos com reeleição já Próximo Texto: Sarney vê campanha contra o Congresso Índice |
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