São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996 |
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A fonte do problema
JANIO DE FREITAS Entra na porta certa e chega ao lugar errado a reação do presidente do Congresso à acusação, feita pelo deputado-perdigueiro Augusto Carvalho, de que foi ilegal, além de absurdo, o gasto de R$ l,9 milhão com novos carros para os senadores."Há uma campanha orquestrada para desmoralizar o Legislativo, com a finalidade de fechar o Congresso", diz o senador Sarney. Quanto à campanha, tudo indica que diz a verdade. Já da finalidade, considerados os que movimentam a campanha, pode-se descrer. Sarney não sabe "se isso vem do Planalto", mas deixa insinuado que sim. De certa maneira, vem mesmo. Mas a campanha é feita pelas Mesas da Câmara e do Senado e pela maioria dos plenários do Senado e da Câmara. Não há por que perder espaço com exemplificações extensas. A virada da comissão senatorial do Sivam, aprovando tudo o que ali mesmo fora denunciado ao país, a aceitação, pelo dirigentes da Câmara, das adulterações manuscritas no texto da Previdência submetido à votação, o suborno para aprovar este texto marginal -mesmo sem rememorações extensas, não há dúvida de onde provém a desmoralização do Congresso. Na qual a compra da frota fortunosa é só uma contribuição a mais. "É evidente", também diz Sarney, "que o Congresso está incomodando muita gente". Olha, está mesmo. Há muita gente nas ruas e nas casas, não é só o pessoalzinho do Planalto, achando que não vale a pena ter Congresso. E tem sido difícil até evitar dizer isso por escrito, para o leitor já indignado mesmo com o pouco, tão pouco, que lhe chega. Desocupado Em se tratando de Sérgio Motta, Fernando Henrique prefere pôr sempre o preto no branco. Mas, ao comunicar que "não considerou adequada" a referência do amigo à sua anatomia, Fernando Henrique não esclareceu a que atribui a inadequação. Para ser tão cuidadosamente brando, a divergência deve ser uma questão só de nuance. Já o porta-voz Sergio Amaral, indagado sobre a repercussão exterior do assunto comunicada pelas embaixadas, foi às verdades diplomáticas: "As embaixadas têm mais o que fazer do que considerar a cor das partes do corpo de qualquer pessoa". Não se sabe se foi o primeiro a apontar Sérgio Motta como malandro. Profissionais Os e as fernandetes não se cansaram de sustentar, desde que previsto aumento de 10% nos combustíveis, que os postos aplicariam aumento menor e os preços até tendiam a cair, como consequência de sua liberação. No primeiro dia de preços liberados, em Brasília, paraíso do governo e de tantas fernandetes, o aumento já era de 15%. O que os e as fernandetes ganharam para dar apoio ao desejo de liberação também isso não se contém em quaisquer 10%, não. Texto Anterior: Sarney vê campanha contra o Congresso Próximo Texto: Fiesp e Força criticam falta de rapidez do governo FHC Índice |
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