São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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Plano atrasa na zona leste de São Paulo

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O PAS (Plano de Atendimento à Saúde) da Prefeitura de São Paulo, implantado oficialmente ontem na zona leste da cidade, não começou na prática.
O hospital de Itaquera, primeira unidade da região onde o plano seria instalado, não tinha começado a cadastrar os pacientes ontem.
O coordenador do PAS, Pedro de Oliveira Lima, não sabia dizer quando o trabalho começaria.
O plano transfere a administração dos hospitais para cooperativas de médicos, que passam a receber R$ 10 por paciente cadastrado.
"A cooperativa ainda não está valendo", disse Marcos Ierardi, coordenador da ginecologia.
Auxiliares administrativos, cadastradores e digitadores, que farão o cadastramento, ainda estavam sendo contratados ontem.
Em uma das salas do hospital, pessoas preenchiam fichas de inscrição de trabalho.
A reportagem da Folha acompanhou o funcionamento do hospital ontem e anteontem durante duas horas no período da tarde.
Um dia antes da instalação do plano, a reportagem conversou com um grupo de dez funcionários, entre auxiliares de enfermagem e administrativos.
Ontem, nenhum deles foi encontrado pela reportagem, que conversou com outros dez funcionários, todos no primeiro dia de trabalho. "Desculpa, mas não sei onde fica nada. É meu primeiro dia", disse uma funcionária do hospital, que não quis se identificar.
A maioria dos computadores também não estava funcionando, segundo a Folha apurou. "Tem menos de 10% ligados", disse um funcionário que fazia o serviço. Ele também não quis se identificar.
Os pacientes que chegavam ontem ao hospital preenchiam uma ficha e eram encaminhados aos médicos, exatamente como acontecia antes.
"O atendimento está igual. Só que está demorando mais na hora de preencher a ficha", disse o pintor Rubens Donizete, que esperou cerca de três horas antes de ser atendido por um clínico geral.
"Acho que é porque essas moças não sabem preencher as fichas", disse a dona-de-casa Sandra dos Santos, que às 16h esperava desde as 13h30 por um médico.
Manifestação Pela manhã, os funcionários que não aderiram ao plano fizeram uma manifestação na porta do hospital.
Quem não adere é barrado no hospital e transferido para unidades onde o plano não foi instalado.
Muitos afirmavam que foram barrados, mas ainda não sabiam para onde ir porque seus nomes ainda não tinham sido publicados no "Diário Oficial".
"Amanhã não vou poder trabalhar, mas ainda não sei para onde vou", disse Cristiana Bastos Silva.

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