São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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Polícia ameaça invadir presídio em GO

WILLIAM FRANÇA
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA DE GOIÂNIA (GO)

A polícia tem ordens para invadir o Cepaigo (Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás), nos arredores de Goiânia, caso os 43 presos amotinados matem qualquer um dos 18 reféns que mantêm há mais de cinco dias.
Outra decisão tomada ontem pelo núcleo de negociação: não serão entregues armas pesadas para os presos. Também é exigência do núcleo de negociação que os reféns que acompanhem os presos na fuga sejam deixados dentro dos limites do Estado de Goiás.
A comissão também está exigindo que os amotinados levem telefones celulares, para que se possam acompanhar as condições e a integridade física de cada um dos reféns durante a fuga.
A garantia de que não haverá perseguições vale apenas para o período em que os rebelados estiverem com os reféns.
Nova lista
Ontem, às 17h, Leonardo Pareja, porta-voz dos presos, entregou uma nova lista de reivindicações: nove carros, 25 revólveres calibre 38 com uma caixa de balas cada um, R$ 100 mil e a fuga com nove reféns. Seriam eles Homero Sabino (presidente do Tribunal de Justiça), Aldo Guilherme Sabino Freitas (filho de Homero), Antônio Lorenzo Filho (secretário de Segurança do Estado) e Gilberto Marques Filho (diretor do Fórum).
Também sairiam como reféns Fábio Cristóvam de Faria (juiz), Gilmar Assis de Oliveira (diretor-administrativo do presídio), Roosevelt Monteiro de Oliveira (motorista), Zacarias Coelho (juiz) e Juarez Francisco de Oliveira (tenente-coronel da PM).
O porta-voz da comissão negociadora, Eli Alves Forte, presidente da OAB-GO, disse que os negociadores só aceitavam seis reféns.
Ministério da Justiça
A Folha apurou que foi o Ministério da Justiça, em Brasília, que traçou as linhas gerais das negociações com os presos.
As conversas estão sendo feitas por um delegado e dois agentes da Polícia Federal, que traçam as estratégias. Depois, apresentam-nas a uma comissão com representantes do governo, do Judiciário e da sociedade civil, que avalia a possibilidade de atender às exigências.
A comissão trabalha sem pressa. Se os presos dizem ter estoque de comida para garantir a rebelião por meses, a comissão afirma ter tranquilidade para negociar -o que importa é manter a integridade física dos reféns.
A comissão trabalha com três tipos de pressão: a humana, das famílias dos reféns; a técnica, das exigências feitas pelos policiais para negociar com os amotinados; e a política, já que há autoridades como reféns.
São prisioneiros o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, o secretário de Segurança Pública, o diretor do presídio, o diretor do Fórum, seis juízes e dois oficiais de comando da PM.

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