São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996 |
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A premonição de FHC
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Pode-se acusar Fernando Henrique Cardoso de muita coisa, menos de não ser premonitório.Vejamos o que ele, ainda como senador, escreveu, juntamente com seu colega de partido, o então deputado federal José Serra: "O presidente da República, quando se vê em minoria no Congresso, não pensa em negociar às claras com os partidos sobre o que cada um acredita que é melhor para o país." "Geralmente, acha mais fácil apelar para o 'é-dando-que-se-recebe' -a distribuição de empregos, verbas e outros favores aos parlamentares, seus parentes e amigos. Desse modo, consegue eventualmente aprovar os projetos do governo." "Mas solapa a disciplina partidária, ajuda a desmoralizar a atividade política e acaba agravando a instabilidade da sua própria base parlamentar." "E assim se fecha o círculo vicioso: fisiologismo, instabilidade, mais fisiologismo..." Há mais: "O presidente pode ser ágil para decidir, mas não para concretizar as ações. Quanto mais ele concentra poder, menos consegue controlar a burocracia, que é grande e complicada demais. E os ministros, que deveriam ajudá-lo nisso, não têm espírito de equipe." "Como cada um responde individualmente ao presidente, cada um trata de conseguir o máximo de recursos e de poder para o seu setor, sem se preocupar com a coerência das ações do governo." Os trechos entre aspas fazem parte de um folheto em que FHC e Serra tratavam de explicar, didaticamente, as vantagens do parlamentarismo sobre o presidencialismo. Foi difundido durante a campanha para o plebiscito sobre o sistema de governo, em 1993. Pode não ter convencido o público, tanto que o parlamentarismo perdeu. Mas soa premonitório, não? Texto Anterior: TUDO PELA FAMA Próximo Texto: As travas de Sérgio Motta Índice |
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