São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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As travas de Sérgio Motta

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Já está tomada a decisão política sobre a candidatura do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, à Prefeitura de São Paulo.
Há, entretanto, três variáveis consideradas importantes pelo governo no caminho desse projeto. A saber:
1) Sérgio Motta quer ficar mandando nas Comunicações. Deseja indicar seu sucessor. No caso de uma derrota eleitoral, voltaria. Se ganhasse, continuaria a influir no seu antigo domínio. FHC não aceita essa saída;
2) A discussão sobre reeleição ainda está em curso. Poucos acreditam que os prefeitos atuais possam se reeleger. Enquanto não houver certeza, Sérgio Motta não sairá candidato. Anunciar a candidatura já significa atropelar os planos de Paulo Maluf antes da hora;
3) Motta está dividido. Quer aceitar o convite feito por Mário Covas. Mas lamenta ter de ficar longe de Brasília e das articulações políticas nacionais.
Essas travas não são discutidas assim, de uma forma elaborada. São questões tratadas de forma tácita, subliminar. Mas todos concordam que nada será solucionado antes do início de maio.
Hoje, FHC deve clarificar o tema reeleição numa conversa pessoal que terá com o presidente da Câmara, o deputado Luís Eduardo Magalhães. Os dois devem acertar o ritmo de tramitação da emenda constitucional.
FHC está preocupado com o curso que a discussão da reeleição toma. Ao se declarar favorável, na Argentina, esperava despersonalizar o assunto. Queria colocar um ponto final na história e esperava que outros agentes políticos se manifestassem.
Muitos se manifestaram. Mas o assunto nunca esteve tão personalizado como agora. É inútil achar que reeleição ou eleição serão, algum dia, discutidas de forma impessoal.
Sérgio Motta é o exemplo na cara de FHC. É vaidoso ao ponto de querer, ao mesmo tempo, ser prefeito de São Paulo e ministro das Comunicações.

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