São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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O negócio olímpico

HELCIO EMERICH

Não é fácil definir com precisão onde termina o megaevento esportivo e começa o negócio bilionário. Como evento, os últimos Jogos Olímpicos do século 20, que vão acontecer em julho próximo em Atlanta, EUA, receberão 2 milhões de visitantes para assistir a uma sequência de 542 competições individuais ou coletivas, em 26 modalidades diferentes.
Como negócio, produzirão um impacto econômico da ordem de US$ 5 bilhões, criando 80 mil empregos temporários.
Só na construção do estádio olímpico e na demolição de uma antiga praça de esportes serão gastos US$ 209 milhões.
As novas instalações ficarão sob a administração da cidade: sua capacidade será reduzida de 85 mil para 45 mil lugares e o estádio abrigará a equipe de beisebol do Atlanta Braves.
No total, o Comitê Organizador dos jogos investirá US$ 2 bilhões no evento, estourando a previsão inicial de US$ 1,6 bilhão. Parte desse dinheiro -US$ 422 milhões- será recuperada com a venda de 11 milhões de ingressos.
A maior fonte de receita, porém, virá da venda dos direitos de televisionamento, adquiridos pela cadeia americana NBC por US$ 456 milhões. A rede bate assim seu próprio recorde, que era de US$ 401 milhões pela transmissão das Olimpíadas de Barcelona em 1992 quando, segundo a própria emissora, teve prejuízo de US$ 100 milhões.
É provável que em 1996, mesmo cobrando US$ 240 mil pela veiculação de um comercial de 30 segundos nos horários das competições, a NBC amargue um novo rombo. Mas isso não assusta quem pretende faturar o prestígio de atingir uma audiência estimada em 35 bilhões de espectadores, o equivalente a duas ou três vezes o total da população mundial.
A prova de ousadia está no fato de que a emissora já se comprometeu a pagar US$ 715 milhões pelo direito de transmissão dos Jogos Olímpicos do ano 2000 na Austrália.
O comitê receberá ainda mais US$ 20 milhões da CBC (Canadian Boradcasting Corporation) e US$ 5 milhões da OTI (Organización de la Television Iberoamericana).
Para alimentar as 3.000 horas de transmissões ao vivo pelo rádio e pela televisão, durante 17 dias, um "pool" de empresas lideradas pela IBM vão movimentar 11 mil microfones, câmeras de TV e outros equipamentos, 6.000 computadores, igual número de "pagers" e 80 mil instalações para cabos.
E como não poderia deixar de ser, pela primeira vez na história, todas as informações sobre os Jogos Olímpicos, desde videoclipes, fotos, resultados, biografias dos atletas, retrospectos das equipes até venda de ingressos, estarão na Internet. (Nota da coluna: todos os dados acima são do Comitê Organizador de Atlanta).
- Recebemos convite para a formatura do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade dos Meios de Comunicação Social, de Porto Alegre.
Segundo a agência Dez Propaganda, a idéia de convidar o colunista têm a ver com o artigo "No Reino das Fraudes", aqui publicado: os nomes dos formandos aparecem sob a forma de logotipos de marcas famosas (Batavo foi transformado em Gustavo, Alfa-Romeo em André Romeo, Danone em Simone etc.) numa divertida paródia da fraude publicitária.

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