São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC diz que governo não é 'responsável' por massacre

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem na convenção do PSDB que o seu governo não pode ser responsabilizado pelo massacre dos sem-terra no Pará. O massacre tomou conta da convenção tucana realizada ontem.
FHC defendeu a punição imediata dos culpados pelo massacre e disse que "ou se punem os responsáveis, põe na cadeia já os responsáveis por isso, ou ninguém vai mais acreditar neste país".
Perguntado se teria ocorrido assassinatos, FHC respondeu: "Não precisa reconhecer. É público".
Sobre a responsabilidade do massacre, o presidente afirmou: "Se quiserem cobrar do governo federal a responsabilidade, me dêem os instrumentos".
'O presidente paga'
FHC disse que há, no Ministério da Justiça, a idéia de fazer com que crimes como a chacina do Pará passem a ser de responsabilidade federal. "Porque o país paga e o presidente paga perante o mundo, e ele (hoje) não tem nenhuma ingerência, nem na decisão, nem na punição, nem no processo, nem em nada, porque é tudo local."
O novo presidente tucano, senador Teotônio Vilela Filho (AL), promoveu uma manifestação de desagravo ao governador Almir Gabriel (PA). E disse que ele foi "traído por estruturas despreparadas que geraram violência e opressão".
Nesse momento, até FHC se levantou da cadeira e aplaudiu de pé. FHC concordou com a avaliação e reafirmou o empenho do governo e de seu partido com a reforma agrária.
O presidente afirmou ainda que todos os Poderes (Judiciário, Legislativo e Executivo) têm responsabilidade no processo de reforma agrária.
Amanhã, no Planalto, FHC reúne-se com os presidentes do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence, do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) para discutir medidas emergenciais de apoio à reforma.
No Congresso ainda tramita parte da lei de regulamentação das desapropriações de terras. No Judiciários tramitam dezenas de processos contra as desapropriações.
Muitos tucanos usaram a convenção para fazer restrições à indicação de um membro do PPB, partido de Paulo Maluf, para substituir José Eduardo de Andrade Vieira no Ministério da Agricultura.
"Só se fizerem uma lavagem cerebral no ministro", disse o presidente da Contag, Francisco Urbano, membro da cúpula do partido.
O chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, informou que a escolha do substituto de Vieira poderá demorar mais de uma semana.

Texto Anterior: Entidade não crê em punição
Próximo Texto: Almir Gabriel prende Pantoja
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.