São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Redução ameaça qualidade

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Embora em geral defendam o processo de "enxugamento" do número de professores e funcionários nas universidades, os reitores afirmam que o excesso de aposentadorias está ameaçando a qualidade do corpo docente.
"Os professores são todos estáveis. Então, uma maneira inteligente de fazer esse enxugamento é não repor as vagas abertas por morte ou aposentadoria", diz o reitor da Unesp, Arthur Roquete de Macedo.
"Mas é um mecanismo que tem de ter controle. Da forma como está ocorrendo, com essa avalanche de aposentadorias, você não tem qualquer controle".
Na Unesp, antes das discussões da reforma na Previdência, a média de pedidos de aposentadoria era de 40 profissionais. Em 1995, foi de 100. Para este ano, projetam-se 321 pedidos.
Desses, 98% são orientadores de pós-graduação e 50% coordenadores de curso, segundo o reitor.
"No início da década de 80, as universidades públicas no Brasil tomaram uma decisão muito importante, que foi de transformar a qualidade dos seus recursos humanos", diz o reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Mozart Neves Ramos.
"Fizemos um forte investimento na formação de mestres e doutores. No momento em que começaríamos a usufruir disso, começaram as aposentadorias."
Para Ramos, que dirige uma das universidades federais com melhores indicadores de qualificação docente, "o país vai perder muito com esse processo".
"São pessoas que estão no auge de sua capacidade criativa e produtiva que estão se aposentando".
Na UFPE, o quadro docente caiu de 2.600 em 1992 para 1.700 hoje. Na USP, desde 1989, quando foi baixado o decreto que deu autonomia às universidades estaduais paulistas, o quadro docente diminuiu mais de 12%. Na Unicamp, 17%, no mesmo período.
O diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, Denisard Alves, 53, afirma que sua unidade não está sofrendo com as aposentadorias. Segundo ele, os departamentos menores são mais atingidos.
O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Antonio Diomário de Queiroz, afirma que em 1995 "houve tanta aposentadoria que este ano esgotou o estoque de pessoas aposentáveis".
(FR)

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