São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Nova droga combate a hepatite C

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma nova droga lançada em março no Brasil promete facilitar o tratamento da hepatite C -uma doença que atinge cerca de 2% da população do país e é hoje a principal causa de transplantes de fígado em todo o mundo.
A ribavirina é um antiviral -remédio que bloqueia o crescimento de um vírus- que começou a ser usado na Suécia em 1990. Em associação com outros medicamentos, ela aumenta as chances de cura dos portadores do vírus C.
A hepatite C é causada por um vírus transmitido, principalmente, através do sangue.
Usuários de drogas endovenosas e pessoas que receberam transfusões de sangue antes de 1991 são os principais grupos de risco.
Hoel Sette Júnior, especialista em fígado e médico assistente do Hospital Emílio Ribas, explica que o vírus C só foi identificado em 1989, e apenas em 1991 o teste para sua detecção estava pronto.
O interferon -substância produzida pelo organismo- é hoje o principal tratamento para a hepatite C. Ele estimula a ação do sistema imunológico e também inibe a proliferação do vírus.
Mas o interferon esbarra em algumas limitações. Muitas pessoas têm efeitos colaterais intensos ao medicamento (febre, dores musculares, fraqueza) e precisam abandonar o tratamento.
Outro empecilho é que o remédio precisa ser aplicado com uma agulha subcutânea três vezes por semana, durante um ano. O custo é alto - R$ 600 por mês.
O maior problema do interferon, no entanto, é que ele não funciona para todos os pacientes. O medicamento pode eliminar o vírus e diminuir o nível da transaminase (TGP) -enzima liberada pelo fígado quando há uma inflamação.
Mas apenas 20% dos pacientes têm uma resposta sustentada com o interferon (ausência de vírus e enzimas normais) um ano após o término do tratamento.
Ribavirina
A ribavirina é uma droga com perfil peculiar. Ela é bastante eficaz durante o tratamento. No entanto, assim que o remédio é suspenso, o vírus acaba por voltar a se multiplicar.
Sette Júnior diz que já usou a ribavirina em 22 pacientes que não responderam ao interferon. 72% deles obtiveram normalização das enzimas em um ano de tratamento, mas todos voltaram a ter alterações quando a droga foi interrompida.
Estudos recentes apontam que a associação entre o interferon e a ribavirina será a melhor opção de tratamento para a hepatite C.
A combinação das duas drogas aumenta para 50% a chance da pessoa ficar livre do vírus um ano depois do término do tratamento.
A ribavirina é tomada sob a forma de comprimidos, produz menos efeitos colaterais do que o interferon e o custo do tratamento fica em torno de R$ 400 por mês.

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