São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Investimento limita-se a multinacionais

JOÃO CARLOS OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na guerra dos juros, calcula Mário Bernardini, 10% do total das empresas feridas morrem. Mas nem sempre as que sobrevivem têm condições para competir.
É como, compara, passar a alimentar bem as crianças, mas só depois que fizeram oito anos de idade. "O mal que a desnutrição (ou, no caso das empresas, a falta de acesso a capital barato) fez é irreversível. E esse é mais ou menos o problema."
Não é por acaso, diz o empresário, que atua no setor de máquinas e equipamentos, "que somente as multinacionais estão investindo".
E tudo isso acontece, lembra o economista Cláudio Contador, sem que o país tenha qualquer política industrial.
"O que se vê é um imobilismo assombroso. As privatizações estão paradas, as reformas não andam e o horizonte de investidores e bancos termina no final do primeiro semestre", afirma.
Para romper o ciclo de inadimplência e do empoçamento, Tereza Fernandez defende a redução dos juros cobrados no crédito -e não do over que já, na sua opinião, chegaram onde devem ficar. "Tem que se cobrar uma taxa que as empresas possam pagar."
Mas, além de juros mais baixos, Joaquim Elói Cirne de Toledo acha que se deve adotar o mesmo modelo que desatou o nó da crise da dívida externa.
"Fazer os bancos públicos voltarem a dar crédito. Com esses recursos, as empresas voltam a pagar suas dívidas e, pouco a pouco, o mercado volta a dar crédito também", recomenda ele.
(JCO)

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