São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Empresas vendem mais, mas lucro diminui em 95

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Os números não deixam dúvidas. Em 1995, as empresas brasileiras venderam mais, mas operaram com margens de lucro menores.
Mas se o fato é claro, a interpretação suscita debates. A questão básica é a seguinte: margens menores constituem um episódio típico de um ano ruim ou passam a ser a regra em ambiente de estabilidade e de maior competição?
A segunda alternativa parece ser a resposta mais correta, segundo especialistas ouvidos pela Folha. Esses especialistas só não cravam suas respostas porque é difícil comparar 1995 com 94.
"Ainda está tudo distorcido", nota o consultor Antoninho Marmo Trevisan. Explica: em 1994, quando fizeram seus balanços, as empresas aplicaram uma correção monetária de 929,32%.
Já no ano passado, a correção monetária foi quase mil vezes menor, 21,98%, circunstância que tumultua as comparações. A comparação melhor será com 1996.
É que neste ano, pela primeira vez depois de mais de três décadas, as empresas não aplicarão correção monetária em seus balanços.
Três fatores caracterizaram essa hostilidade: juros elevadíssimos, crédito interno escasso e real valorizado em relação ao dólar.
Mas esse ambiente atingiu diferentemente as diversas empresas.
Erivelto Rodrigues, da Austin Asis, autor do estudo sobre 182 empresas que já publicaram seus balanços, mostra que o ganho financeiro dessas companhias saltou 28%, de US$ 2,1 bilhões em 94 para US$ 2,7 bilhões ano passado.
A empresa que tinha dinheiro em caixa continuou ganhando no mercado financeiro, provavelmente compensando aí resultados piores na atividade principal.
Esse ganho de renda transformou-se em consumo imediato. Mas houve empresas que, mesmo vendendo para esse mercado, acabaram o ano amargando prejuízo. Assim como houve empresas que, operando em setores difíceis, terminaram bem em 1995.
Ou seja, para além do ambiente geral, comum a todas, é preciso analisar cada setor e cada empresa, para se ter uma avaliação melhor da economia brasileira pós-Real.

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