São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Ajuste amplia lucratividade

DA REPORTAGEM LOCAL

Embora se considere que apenas um ano de estabilidade é insuficiente para se avaliar a situação das empresas brasileiras, já há bastante consenso quanto aos fatores que determinaram bom ou mau desempenho em 1995.
Em primeiro lugar, foram bem as empresas que apostaram antes na hipótese da estabilidade e da abertura da economia e, em consequência, iniciaram seus processos de ajuste em 1992.
Atividade principal
Mais especificamente, parecem bem hoje as empresas que já estavam arrumadas no momento em que estreou a URV.
Também acertaram as empresas que, nesse ajuste, se concentraram em suas atividades principais.
Foram bem ainda as empresas que se prepararam para vender em grande quantidade para os segmentos mais baixos do mercado. Em todos os setores, os produtos de menor valor unitário foram campeões de vendas.
Por outro lado, muitas empresas foram beneficiadas pelo ambiente externo.
Financiamento
Multinacionais e grandes empresas brasileiras tiveram uma enorme vantagem comparativa porque tiveram acesso a financiamento externo. A diferença foi brutal.
No empréstimo tomado no exterior, os juros nominais ficaram em torno de 40%. Aqui dentro, em reais, o mais barato não saiu por menos de 100%.
Foi um dos paradoxos do Plano Real, nota o economista Luis Paulo Rosenberg: desconcentrou a renda entre as pessoas, mas provocou forte concentração entre as empresas.
Também as grandes empresas tiveram mais vantagem no ganho de produtividade. Bom negócio passou a ser vender em grande escala.
A tendência permanece. Hoje, existem no Brasil cerca de 3.000 empresas atacadistas. Mas, segundo especialistas citados por Antoninho Marmo Trevisan, não há espaço para mais do que cem grandes empresas.

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