São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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País enfrenta amanhã máxi de 40% e juro duplicado

DA REDAÇÃO; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

FLAVIO CASTELLOTTI
A partir de amanhã a moeda venezuelana (o bolívar) deixa de ter uma cotação fixada pelo governo em relação ao dólar e passa a variar de acordo com o mercado.
O bolívar deve amanhecer com uma maxidesvalorização de cerca de 40% frente ao dólar.
A atual paridade de 290 bolívares por dólar vai aproximar-se da cotação da moeda venezuelana no mercado de bônus Brady (títulos da dívida externa), em que o dólar é cotado a 490 bolívares.
A liberação do câmbio faz parte do plano de emergência anunciado na segunda-feira pelo presidente Rafael Caldera e formulado sob o paradigma econômico do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Metas
O pacote estipula alta de 12,5% para 16,5% nos impostos sobre vendas, aumento médio de 500% no preço da gasolina e liberação das taxas de juros e de câmbio.
Os principais objetivos do programa consistem na redução da inflação e do déficit público.
Em março, a taxa de inflação acumulada nos 12 meses anteriores chegou a 78%, a maior da América Latina.
O déficit público em 95 foi de 7% do PIB (Produto Interno Bruto). O governo espera reduzi-lo para 1,5% do PIB, por meio do aumento de impostos e diminuição do subsídio à gasolina.
Com a liberação do câmbio, analistas prevêem que a taxa de juros (agora também liberada) deve subir de 35% para cerca de 70%, o que vai causar explosão nos índices de inadimplência e possível crise do sistema financeiro.
"O próprio governo terá interesse em aumentá-la para evitar uma corrida ao dólar", explica o economista Andrés Flores.
Maxidesvalorização
No dia 11 de dezembro, o governo venezuelano já havia promovido desvalorização de 41% frente ao dólar. Isso significa que amanhã a moeda venezuela acumulará perda de 61% em relação à norte-americana em menos de cinco meses.
Segundo o diretor do banco central da Venezuela, Domingo Maza, a desvalorização era inevitável, pois o país já não podia sustentar o descompasso com os preços externos. Além disso, seria impossível manter o dólar fixo com inflação anualizada superior a 70%.
Maza disse, porém, que o país conta com reservas suficientes (US$ 10 bilhões) para impedir especulações exageradas.
Ou seja, o banco central poderá intervir para frear quedas indesejáveis do bolívar.

Com agências internacionais

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