São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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Ruralistas emperram reforma agrária

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes dos partidos que apóiam o governo -PSDB, PFL, PMDB e PPB- se negaram ontem a assinar o pedido do PT para votar, com urgência, o projeto que estabelece o rito sumário nas desapropriações para reforma agrária.
Os governistas querem deixar a votação para a segunda semana de maio. O governo sabe, no entanto, que o projeto não será aprovado.
O líder da bancada ruralista, Abelardo Lupion (PFL-PR), afirmou que sua bancada vai derrubar no plenário o projeto aprovado na CCJ e as outras propostas que tratam da reforma agrária.
A Frente Parlamentar da Agricultura (bancada ruralista) reúne 179 deputados, do total de 513. "O governo sabe que os projetos não passam. Ele só quer dar uma satisfação e já deu com a votação na CCJ", disse Lupion.
O projeto estabelece que os juízes terão de ouvir as duas partes envolvidas no conflito e visitar a área antes de conceder liminar para desocupar terras invadidas pelos trabalhadores sem-terra.
"Farsa"
Deputados, tanto da base de apoio do governo quanto da oposição, declaram que o projeto será derrubado. O rito sumário é considerado essencial para tornar mais ágil a reforma agrária no país.
A líder do PT, Sandra Starling (MG), chorou ao denunciar o que considera "farsa" do governo.
"Estão contando com o esquecimento. Vão esperar quantos mortos mais para se tomar uma atitude? Isso é um acinte ao povo brasileiro", disse a deputada.
"O governo tem de decidir o que quer. Ou se empenha para valer ou vai ficar apenas nas declarações públicas", disse o deputado José Genoino (PT-SP).
O líder do PSDB, José Aníbal (SP), afirmou que quer conversar mais sobre o projeto. "Não quero correr o risco de perder", afirmou.
Ontem, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou o projeto que limita as liminares para desapropriação de terras invadidas, mas o vice-líder do PPB, Gerson Peres (PA), declarou que vai pedir nova votação.

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