São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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CNBB condena as invasões de terras

LUIS HENRIQUE AMARAL

LUIS HENRIQUE AMARAL; JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL À INDAIATUBA (SP)

No encerramento da assembléia dos bispos, d. Lucas diz que ação de sem-terra provoca 'espiral de violência'

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Lucas Moreira Neves, afirmou ontem que a entidade não apóia invasões de terra, como as promovidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
A declaração foi feita após o encerramento da 34ª Assembléia Geral da CNBB, que aconteceu em Itaici (distrito de Indaiatuba, 110 km a noroeste de São Paulo).
D. Lucas citou discurso do papa João Paulo 2º, feito em março de 95, aos bispos de São Paulo.
No discurso, o papa afirma: "A igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas".
Segundo d. Lucas, a posição da CNBB "é a mesma do papa: invasão de terra não é solução porque pode ser somente provocação para uma espiral de violência".
A declaração de d. Lucas foi contestada por outros bispos. Para d. Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia (MT), "se o governo não faz a necessária reforma agrária, o povo tem que fazer".
O bispo d. Luiz Demétrio Valentini, responsável pelo setor de ação social da CNBB, disse que o direito de "ocupação" das terras improdutivas é uma "doutrina antiga" da igreja, anterior ao próprio papa.
Apesar de ser contra as invasões, d. Lucas se disse a favor da reforma agrária: "Tem faltado vontade política ao governo para executá-la".
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso concorda com a posição da CNBB, manifestada anteontem, de que a prioridade deve ser dada à área social. "Por isso, o governo está ampliando gastos com a área social e buscando maior eficiência na aplicação desses recursos."

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